Depois de quase 18 anos, esta é a primeira vez que Zeca Camargo está fora do Fantástico de forma permanente – antes disso, ele só tinha abandonado a revista eletrônica semanal da Globo para trabalhos esporádicos, como a apresentação do reality No Limite. Assumir o programa vespertino da emissora é um dos maiores desafios na carreira do apresentador.
Mais do que respirar novos ares depois de tanto tempo no Fantástico, Zeca também enfrenta uma mudança interna na Globo, passando de apresentador do núcleo de jornalismo para o de entretenimento.
Além disso, cabe a ele e ao seu diretor de núcleo, Ricardo Waddington, a árdua tarefa de dar uma guinada na audiência nas tardes da emissora durante a semana.
Segundo dados do Ibope, o Vídeo Show amargou, entre 2003 e 2013, uma queda de 17,7 pontos para 9,7 pontos de audiência média. Apesar disso, Zeca garante que não há pressão para um melhor desempenho. “Essa nunca foi uma das preocupações quando me pediram para pensar em uma mudança do Vídeo Show”, garante.
Qual está sendo o maior desafio em apresentar o Vídeo Show?
Fazer um programa diferente do outro. Queremos que o telespectador conheça a intimidade e o outro lado de cada convidado nosso. E, para isso, não podemos fazer um programa genérico. Isso é um trabalho criativo que exige muito. Mas, justamente por querer ser diferente, é que encaramos cada programa como uma estreia.
Há diferenças entre ser um apresentador de um núcleo de jornalismo e de um núcleo de entretenimento?
Há uma descontração maior que vem com os programas de entretenimento. A pauta é mais informal e também a própria atitude do apresentador.
Como você avalia essas primeiras semanas de programa?
Cumprimos exatamente a proposta de colocar no ar um programa diferente e de fazer com que os artistas se sintam à vontade com todas as homenagens que fizemos a eles. Afinal, cada programa é único.
Já teve algum retorno do público?
Em um domingo, estava em uma padaria no meu bairro e um senhor que estava consertando a pia do local reconheceu minha voz, levantou-se de lá de baixo e me cumprimentou por fazer a alegria da hora do almoço dele. Foi totalmente espontâneo e me pegou de surpresa: uma boa prova de que as pessoas estão gostando e respondendo bem à mudança.
Mudar era preciso?
O Vídeo Show tem mais de 30 anos e só fica na boa lembrança das pessoas se abraçar uma mudança constante. Respostas como essa que tive, na padaria, o retorno dos convidados que estão adorando participar do programa e mais a boa audiência, claro, indicam que estamos no caminho certo.
Como você lida com a pressão pelo ibope?
Essa nunca foi uma das preocupações quando me pediram para pensar em uma mudança do Vídeo Show. Quando tive as primeiras reuniões de ideias com o Ricardo Waddington, tínhamos uma página em branco para criar e nosso único limite era não sair do universo da TV Globo, que é, em si, riquíssimo. Assim criamos tudo com total liberdade, sem essa tal pressão que muita gente sugere.
Mudar de atração após 18 anos foi algo difícil?
Foi uma maravilhosa coincidência. Desde 2011, já havia perguntado sobre a possibilidade de fazer alguma coisa na área do entretenimento. Dois anos depois, surgiu não apenas a oportunidade, a mudança no conceito do Vídeo Show, como também já me senti mais preparado para fazer essa transição.