Zé Renato apresenta Minha praia

O cantor e compositor Zé Renato traz seu talento para Curitiba hoje e amanhã, quando se apresentará no Teatro da Caixa com o show Minha praia. Zé Renato, que começou sua carreira artística participando de festivais, formou em 1979, com Cláudio Nucci, David Tygel e Maurício Maestro, um dos maiores grupos vocais da música brasileira, o Boca Livre, com o qual ganhou projeção nacional e gravou vários discos.

Minha praia é um show onde Zé Renato mostra que o reconhecido e elogiado intérprete caminha lado a lado com o compositor. A praia de Zé Renato estende-se ao longo do imenso litoral musical brasileiro, entre canções, sambas, toadas, modas. Neste espetáculo, Zé Renato revela a sua visão a respeito da música brasileira contemporânea. Uma visão que pode se resumir ao culto da riqueza harmônica e da qualidade poética. Ou melhor, no caso de Zé Renato, na crença de que é possível, com esses elementos, seguir adiante na linha evolutiva da MPB.

Talvez não por acaso Zé Renato abra o show com Andorinha, canção que resume tal visão: é melódica e harmonicamente riquíssima, letra de Paulo César Pinheiro cuidadosamente simples, de mestre; mas é também uma canção carregada de novidades.

Em seguida, ele ataca um samba-canção de feição clássica, Algum lugar (sobre letra redonda de Capinam), e um samba todo misturado tão ao gosto da música carioca atual, Na São Sebastião, sobre letra toda fragmentada de Lenine (que, como a de Capinam, é uma ode a uma menina conhecida por acaso na rua). Adiante vem Fica melhor assim, bossa-nova de Zé Renato e Xico Chaves, resgatada de 1983.

O que fica ressaltado neste show é a faceta de compositor de Zé Renato. Faceta tão rica que pode se dar na revitalização da música rural brasileira (Quem tem a viola), numa parceria com Arnaldo Antunes, com melodia que lembra as canções urbanas de Alceu Valença, Insônia, ou em música para teatro com Hamilton Vaz Pereira, Benefício.

Mas a tal visão que Zé Renato tem da música brasileira fica ainda mais cristalina nas canções daqueles que escolhe interpretar. O que se vê é a opção pela música de harmonia complexa (mas não hermética) e letra com o padrão de qualidade da música de Noel, Vinicius e Chico. Assim, ele interpreta Outubro, uma das mais ousadas composições da juventude de seu ídolo, Milton Nascimento, lançada em 1967 e até hoje desconcertante em termos harmônicos e poéticos (na letra de Fernando Brant). Redescobre também a épica Canudos, de Edu Lobo e Cacaso, do disco Camaleão, de 1978, o primeiro a contar com os vocais do Boca Livre. Do samba ele pinça músicas das mais elaboradas: Folhas no ar (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho), Diz que fui por aí  (Zé Keti), Pela décima vez, de Noel.

Serviço:Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (clientes, idosos e estudantes), à venda no Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações telefone: 3321-1999.

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