Xuxa, enfim, acerta com a Record

Após cinco meses de negociação, tempo suficiente para a exibição de uma novela, Record e Xuxa concluíram todos os acertos para a assinatura de um contrato que levará a loira a trocar de canal após 30 anos. No início de fevereiro, quando anunciou as novidades da programação do ano, o presidente da emissora, Marcelo Silva, prometeu que o anúncio não seria feito unilateralmente da Record e que a apresentadora estaria presente para tal ocasião. Feito. Nesta quinta-feira, 26, com ambas as partes de acordo com todas as linhas das minutas de contrato trocadas entre elas nesse período, a emissora finalmente definiu para o dia 5, quinta-feira, o encontro com Xuxa diante de todos os flashes, na sede da emissora, na Barra Funda. “Será um momento marcante da televisão brasileira”, promete o release da emissora.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, durante o lançamento da programação 2015, Marcelo Silva disse que o horário de Xuxa ainda não havia sido definido e que a própria chegou a cogitar a possibilidade de fazer o programa ao vivo. A ideia é produzir um talk-show aos moldes de Ellen DeGeneres – sem Ellen degeneres.

Sem proposta boa o suficiente para segurá-la na Globo, Xuxa preferiu a Record, vice-líder, à geladeira da líder, que este ano celebra 50 anos no ar. A loira esteve afastada no último ano, para o tratamento ortopédico do pé esquerdo.

Para o jornalista e escritor Eugênio Bucci, especialista em comunicação e dono de aguçado olhar sobre a TV no Brasil, “o que existe num plano estrutural da concorrência da televisão no Brasil é um investimento da Record – Gugu liderou audiência na quarta-feira, 25, e agora está indo a Xuxa”. “Nesse plano que chamo de concorrência, o que vejo é a consolidação de um lugar com maior extensão da Record, um grupo de interesses que quer existir no universo da televisão no Brasil. A disputa dos canais é uma disputa de acesso à cabeça dos brasileiros”, diz. “A entrada da Xuxa nesse tabuleiro”, continua, “precisa ser lida como um fortalecimento da Record no que ela representa na disputa pelo imaginário brasileiro, o que envolve articulações em torno da religião, do crescimento dos evangélicos e um reflexo na cena política, lembrando que o antigo vice-presidente (José Alencar) era evangélico”.

Embora as negociações entre Xuxa e Record venham ganhando espaço na imprensa desde novembro, só agora, com o anúncio consumado, a Globo começa a tratá-la como ex-funcionária. A partir de domingo, 1º, o canal Viva tira do ar a reprise do Planeta Xuxa. O conteúdo do TV Xuxa, disponível na Globo.com, também está em processo de despedida daquele espaço.

Para Bucci, a contratação representa uma posição mais sólida para a Record, o que resulta em uma alteração no equilíbrio de forças políticas no espaço público brasileiro. “Xuxa é parte disso, Gugu é parte disso, o esforço da Record com novelas é parte disso: é um movimento contra o status quo da velha televisão, e aí tem uma ironia. O que há de mais velho na velha televisão do Brasil está servindo para montar um novo polo na disputa pelo imaginário brasileiro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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