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Xande de Pilares faz jornada emocional em segundo disco

De olhos no aterro do Flamengo, Xande de Pilares foi arrematado para os tempos de garoto. Direto para os dias ensolarados, quando descia o morro com a turma, todos com os instrumentos à mão, para tocar samba com os pés na areia. “Estou olhando para o exato local onde ficávamos”, diz o sambista, sentado em um restaurante no espaço anexo ao Aeroporto Santos Dummont, no Rio.

É uma viagem emocional para o sambista de 47 anos estar naquele lugar e sentir as lembranças guardadas há pelo menos três décadas da memória. De certa forma, faz sentido. Xande atende o jornal “O Estado de S. Paulo” para falar sobre Esse Menino Sou Eu, seu segundo disco solo desde que deixou de integrar o Grupo Revelação, um dos mais importantes do samba brasileiro e com o qual o vocalista cantou por 20 anos.

Sucessor de Perseverança, de 2014, o novo trabalho apresenta uma longa coleção de canções que, de diferentes formas, contam a história do artista. Cavaco Vadio (de Paulinho Rezente, Totonho e Osmar Santos), por exemplo, é uma ode ao instrumento no qual Xande se iniciou no samba. Tinha 7 anos quando se arriscava dedilhar as cordas, mas temia assumi-lo. “Quando você vai com um instrumento de corda na rua, você está arriscado a passar vergonha”, ele lembra – numa roda de samba, caso o sujeito não saiba tocar a música pedida, ele fica de castigo.

No papo, os “causos” surgem. Esse Menino Sou Eu é dedicado a Almir Guineto e Adalto Magalha, sambistas a quem Xande corria para assistir quando eles subiam os morros vizinhos. “Adalto me tratava como um filho”, ele lembra. Xande cantou Perfume de Champagne, de autoria de Guineto e Magalha, no velório do segundo, no ano passado. “Eu gostaria que ele estivesse aqui para ouvir isso”, diz. Em Mãe, ele divide os vocais com a própria dona Maura Helena, de 67. “É uma carta para ela”, diz.

Xande está diante de si quando olha para a capa do trabalho. Como diz, “esse menino sou realmente eu” – o título escolhido não tem qualquer referência com Esse Cara Sou Eu, de Roberto Carlos, diga-se. “É um álbum sobre o orgulho de quem eu sou, de onde eu vim, do morro, de alguém que achava que a música era só um sonho. O disco é uma biografia.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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