Apesar do rosto reconhecidamente expressivo de Willem Dafoe, pode ser difícil encontrá-lo em “John Carter”, de Andrew Stanton. Verde, com quatro braços, mais de 2 metros e meio de altura e falando uma língua desconhecida, ele interpreta Tars Tarkas, o rei de uma tribo de marcianos. Aos 56 anos, Dafoe mantém uma carreira que transita entre grandes produções comerciais e longas independentes, além do trabalho no teatro.
Foi assim que reuniu uma galeria de personagens incomparáveis, como o sargento Elias, de Platoon (1986), Jesus em A Última Tentação de Cristo (1988) e o popular vilão Duende Verde da saga Homem-Aranha (2004 e 2007). Simpático, ele recebeu a reportagem num hotel em Phoenix, Arizona. Falou sobre as motivações para fazer o personagem, a crise no cinema, e de sua recente visita ao Brasil. A seguir, trechos da entrevista.
Antes de John Carter, você fez Procurando Nemo (2003) com o diretor Andrew Stanton. Foi mais fácil aceitar o papel?
Com certeza. Gosto do trabalho dele, de Nemo e Wall-E. Eu sabia que faria um personagem de animação, que falaria uma língua inventada e teria que atuar em pernas de pau. Achei ótimo.
Você já foi peixe, inimigo do Homem-Aranha e, agora, um marciano. Gosta de se transformar nessas figuras?
Muito. Esses personagens permitem acessar novos impulsos. Se você está sempre voltado para a sua própria percepção de mundo, a sua visão não muda. É uma das coisas que gosto em relação aos filmes: eles me lembram de coisas que esqueci e me fazem ver outras formas. Isso recarrega as baterias.
Além da parafernália usada para gravar movimentos, para interpretar Tars Tarkas, você aprendeu a andar com pernas de pau. Como foi?
Foi divertido. Quando você está com 2,7 metros, tem seus impulsos tirados e cria novos. Você pensa, se move e interpreta de forma diferente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.