Cool, hipster, bizarro. Todas essas definições se adequam a Wesley Wales Anderson, que se tornou conhecido como diretor como Wes Anderson. Nascido no Texas em 1º de maio de 1969, acaba de completar 50 anos e, por isso, ganha retrospectiva no MIS, Museu da Imagem e do Som. Desta quarta a domingo, todas as sessões serão gratuitas. Com seus paletós de tweed xadrez e a indefectível gravata borboleta, Anderson parece um de seus personagens.
O humor é excêntrico, e Anderson o utiliza para abordar temas como perda da inocência, famílias disfuncionais, abandono parental e amizades estranhas. Seu estilo visual caracteriza-se pelo uso extensivo de movimentos de câmera de espaço plano, composições simétricas, knolling, zooms instantâneos, fotos em câmera lenta, uma paleta de cores intencionalmente limitada e direção de arte feita à mão, à base de miniaturas. Essas escolhas estilísticas dão a seus filmes uma qualidade altamente distinta. São estilizados, não se assemelham aos de nenhum outro autor contemporâneo. Fox Mayshark diz que possuem uma tendência pop barroca que não é “realista, surrealista, nem realista de magia”. São, na plena acepção do termo, ‘fábulas’.
Os filmes, um a um
Pura Adrenalina, 1996
Antes de falar do filme talvez seja bom lembrar que Owen Wilson foi colega de Wes Anderson na universidade, quando ambos estudaram…. Filosofia! Na trama, Luke Wilson sai do instituto psiquiátrico, depois de sucessivos ataques de pânico e colapsos nervos. Aproxima-se de Owen, que, de perto, não parece muito normal. Investigam um crime.
Três É Demais, 1998
Jason Schwartzmann ganha bolsa de estudos para cursar universidade bacana, mas as notas baixas ameaçam sua permanência. O milionário Bill Murray lhe dá força, mas o problema é que ambos se apaixonam pela professora Olivia Williams.
Os Excêntricos Tennenbaums, 2001
Gene Hackman abandonou a família, mas retorna às vésperas do novo casamento da mulher, Anjelica Huston. O casal teve três filhos, Luke Wilson, Ben Stiller e Gwyneth Paltrow. Personagens tristes, tom melancólico. Como comédia, não é para morrer de rir, mas sorrir levemente. Mas é muito, muito bem feito e interpretado.
A Vida Marítima de Steve Zissou, 2003
Bill Murray faz cineasta que realiza documentários marítimos, como Jacques-Yves Cousteau. Ele busca se vingar do tubarão que devorou seu amigo Seymour Cassel, e isso ocorre quando surge Owen Wilson, dizendo que é seu filho. Prepare-se para sorrir com parcimônia. Talvez seja o filme mais ‘dramático’ de Anderson. Como regalo, Seu Jorge atua e canta – várias canções.
Hotel Chevalier, 2007
Espécie de prólogo para o seguinte Viagem a Darjeeling, o filme mostra o encontro de amantes (Jason Shwartzmann e Natalie Portman) num hotel em Paris. O curta tenta dar conta, com capacidade de observação e o refinamento próprio do diretor, da complexidade de uma ligação em crise.
Viagem a Darjeeling, 2007
Jason Schwartzman, Adrien Brody e Owen Wilson são irmãos que não se falam. O trio viaja à Índia em busca de autoconhecimento, mas tudo se complica e o resultado talvez seja o mais engraçado e angustiante filme de Anderson. A compra de um medicamento sem receita, o xarope para tosse que provoca reação, o spray de pimenta. Nada parece fazer sentido, mas a cada ação corresponde sempre uma reação. O sentido da vida?
O Fantástico Sr. Raposo, 2009
Animação quadro a quadro que se baseia em livro infantil, mas destina-se a um público adulto. O Sr. Raposo caçava galinhas, mas a gravidez da mulher o leva a uma mudança de atitude. Anderson filma animais, mas, na verdade, está falando de gente, outra família cujos integrantes, apesar das diferenças e divergências, tentam ficar juntos.
Moonrise Kingdom, 2012
Uma comunidade fechada, uma família desconexa (Bill Murray, Frances McDormand e Bruce Willis) e um casal muito jovem (12 anos!) que desafia as convenções e foge. Todo Wes Anderson parece assim definido. E o filme tem o décor da casa, das casas, que parecem de bonecas.
O Grande Hotel Budapeste, 2015
Uma história dentro de outra história. Escritor ouve de um velho como se tornou dono do Hotel Budapeste, mas a verdadeira história é sobre como o bellboy, Zero, é formado por M. Gustave. Ralph Fiennes, Willem Dafoe como vilão, Bill Murray, Owen Wilson, Léa Seydoux, Tilda Swinton e uma chuva de Oscars – figurino, direção de arte, maquiagem e música. A obra-prima de do autor.
A Ilha dos Cachorros, 2018
Garoto japonês tenta recuperar seu cachorro, enviado com os demais animais da cidade para a ilha do título por prefeito corrupto. Por quê? Nova animação quadro a quadro de Anderson. Visual impecável, outra reflexão sobre o estado – a desumanização – do mundo.
Confira a programação completa:
8 de maio
16h – Pura Adrenalina (1996)
18h – Três É Demais (1998)
20h – Os Excêntricos Tenenbauns (2001)
9 de maio
16h – O Fantástico Senhor Raposo (2009)
20h – Grande Hotel Budapeste (2014)
18h – Moonrise Kingdom (2012)
10 de maio
17h30 – Hotel Chevalier (2007) e Viagem a Darjeeling – (2007)
20h – Ilha dos Cachorros (2018)
11 de maio
16h – Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
18h – A Vida Marinha com Steve Zissou (2005)
20h15 – Moonrise Kingdom (2012)
12 de maio
15h – Ilha dos Cachorros (2018)
17h – O Fantástico Senhor Raposo (2009)
19h – Hotel Chevalier (2007) e Grande Hotel Budapeste (2014)