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Weiwei no Brasil

Ai Weiwei, o dissidente artista perseguido pelo regime chinês, está no Brasil. Refaz com o filho a viagem que seu pai, o poeta Ai Qing (1910-1966), empreendeu há mais de seis décadas à América do Sul para convidar o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), prêmio Nobel de Literatura (1971) a fazer uma palestra na China. “É, de fato, uma jornada sentimental”, reconhece, concluindo que fez questão de trazer o único filho, Ai Lao, de 8 anos, “para conhecer uma outra realidade, bem diferente da chinesa”. Weiwei, em entrevista exclusiva ao Estado, revelou sua intenção de criar uma obra totalmente voltada para a cultura do Brasil e anunciou a exibição de seu novo filme, Human Flow, em outubro, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, após sua estreia no Festival de Cinema de Veneza, que vai até 9 de setembro.

O filme, feito com capital americano e alemão, é um documentário sobre a situação dos refugiados em várias partes do mundo.

Concorre em Veneza com produções dirigidas por outros famosos, como George Clooney (Suburbicon) e Guillermo del Toro (The Shape of Water). Trata-se de mais uma tentativa de Weiwei chamar a atenção para a situação dos refugiados que tentam desesperadamente chegar à Europa numa época em que a extrema direita do continente banca navios para impedir a entrada de imigrantes, deixando claro sua hostilidade nos cartazes colados aos cascos.

No ano passado, ele apresentou na Konzerthaus de Berlim uma instalação com 14 mil coletes salva-vidas fluorescentes, denunciando essa má vontade europeia. Também evocou, em 2016, a tragédia do garoto sírio Aylán Kurdi, de 3 anos, encontrado morto na praia de Bodrum, na Turquia, em 2015, refazendo na ilha de Lesbos, na Grécia, a comovente foto que denunciou o descaso europeu com os refugiados.

No Brasil, ele ainda não pensou num projeto específico. Guiado pelo produtor Marcello Dantas, diretor da Japan House, ele vai viajar por várias regiões do País para captar elementos das culturas locais que deverão entrar na exposição programada para 2018, na Oca, Ibirapuera. Na Argentina, ele inaugura uma mostra em novembro, na Fundação Proa, também curada por Dantas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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