Watchmen, dos gibis para as telas

Estreou nos cinemas um dos blockbusters mais aguardados de 2009. A adaptação de Watchmen, cultuada graphic novel (gibis para adultos) de Alan Moore e Dave Gibbons, vem cercada tanto de grandes expectativas como de desconfianças. Afinal, como seria possível passar para as telas uma história tão complexa, fantástica e cheia de detalhes?

Partindo de uma premissa em latim que diz “quis custodiet ipsos custodes (quem vigia os vigilantes)?”, a história passa-se no período da extinta Guerra Fria. Aqui, os Estados Unidos venceram a Guerra do Vietnã graças à presença do Dr. Manhattan, o único personagem realmente com poderes sobre-humanos, cujos dons o levaram a ser comparado com um sub-deus.

Nixon é o presidente e ser um vigilante mascarado na terra do Tio Sam passou a ser uma atividade criminosa desde que a Lei Keene foi promulgada em 1977, devido ao excesso destes.

Nessa realidade, esses heróis não possuem poderes especiais, mas sim algum tipo de desvio de comportamento, como, por exemplo, o vigilante conhecido como Rorschach.

A trama envolve o assassinato de um desses vigilantes, conhecido como Comediante, e põem em alerta os antigos heróis uniformizados. Quem teria interesse na morte dessas pessoas? É o que leva o duro e desconfiado Rorscharch a investigar por conta própria o mistério por trás da morte de seu colega de uniforme.

Apostando alto na produção visual, o diretor Zack Snyder (300) acertou em cheio em transforma-lo em um deslumbre para os olhos. Do figurino aos efeitos, tudo é de uma extrema qualidade que nos faz remeter à graphic novel, transformando automaticamente no ponto mais alto do longa, principalmente a caracterização do Dr. Manhattan e os equipamentos do Coruja II. O elenco, embora não conte com nenhum ator mais famoso, desempenham um trabalho bom, com destaque ao ator Jackie Earle Haley, como Rorschach.

O roteiro é bem próximo do fiel, o que pode agradar boa parte dos fãs desse gibi (desde que não seja fã xiita, claro). Para quem ainda não teve a oportunidade de ler, o longa pode soar um pouco longo e complicado para poder entender todas as amarras que conduzem a história.

O clímax, diferente do que se passa na obra original, soa apenas correto, muito embora seria mais interessante manter todo o contexto original, uma vez que pouca coisa foi alterada (possivelmente porque soariam melhor nesse tipo de mídia).

O que pode vir a cansar um pouco o espectador também foi que Snyder voltou a utilizar uma linguagem de vídeo clipe para Watchmen. Quem não gosta de cortes rápidos e linguagem frenética, pode vir a se cansar fácil do longa.

Watchmen acaba sendo uma boa opção para quem gosta de filmes de heróis. Entretanto, devido a qualidade do produto, esperava-se que o filme pudesse ser algo definitivo para o gênero, tal qual ocorreu com o Batman – O cavaleiro das trevas. Ele acaba sendo apenas um filme bom e legal, o que, francamente, deixa uma pontinha de decepção.

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