Cobras, jacarés, onças, ausência de luz elétrica e uma distância de alguns quilômetros do banheiro mais próximo não preocupam Léo Rocha e Coronel Leite, apresentadores do Desafio em Dose Dupla, cuja segunda temporada começa nesta terça-feira, 26, às 20h30, no Discovery. Para eles, o difícil mesmo é encarar a companhia um do outro.

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“Trabalhar relacionamento é uma coisa complicada. E com uma pessoa que é muito diferente é o maior desafio. Cobras e jacarés são mais fáceis, eles não reagem como as pessoas. O Léo é ótima pessoa, mas na hora de sobreviver junto nosso pensamento é completamente diferente. Como militar, não posso perder o controle emocional. Tem hora em que tenho de parar e respirar”, desabafa Leite, integrante da unidade de elite de resgate da Força Aérea Brasileira.

A cada episódio, os dois são deixados em um ambiente inóspitos, como a Floresta Amazônica ou o Raso da Catarina, em plena caatinga baiana, com itens básicos que os ajudam, como uma faca ou uma lata vazia, transformada em lanterna por eles. A hora de buscar alimento é um dos momentos mais tensos da jornada, mas não pela dificuldade de encontrar, e sim pelo discussão do que será a comida. Especialista em técnicas indígenas e com anos passados em tribos, Léo reclama quando o companheiro resolve matar um animal para comer, que pode ser uma cobra que os enfrentou.

“Ele acredita que você tem de consumir a proteína. Respeitar o meio ambiente é mais importante que comer. Rola de ficar irritado com o outro”, confessa Léo, que prefere se alimentar com vegetais. De acordo com um aviso exibido ao final de cada programa, os animais mortos no Desafio em Dose Dupla são de cativeiro, providenciados pela equipe da produtora Mixer, que os acompanha. “Quando temos de fazer o abate, eles ‘plantam’ um animal lá e dizem qual é o da natureza e qual é de cativeiro”, explica coronel Leite.

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A dupla afirma que o nível de dificuldade aumentou na segunda temporada. “Desta vez, ficamos mais expostos. Foi pior, apesar de ter sido em ambientes conhecidos”, palpita Leite. “A gente correu mais riscos e passou por mais perigos. Nossos limites de segurança oscilaram muito. Atravessei um abismo de 20 metros, que morreria na hora se caísse”, revela Léo.

O especialista em cultura indígena conta ainda ter ficado de cama. “Fui picado por uma aranha marrom, uma das mais perigosas do mundo. Durante o episódio, não percebi porque não aparece na hora. Depois, fui para casa e fiquei dias inutilizado, com medo de uma lesão grande. O veneno dela tem um efeito de digerir a presa antes de ela comer”, descreve Léo, que confiou no que aprendeu com os índios e não procurou atendimento médico. “Observei meu corpo. Usei plantas e pedra quente para cozinhar essas ervas. Pensei que pudesse morrer, mas só procurei o médico quando estava bem.”

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Durante as gravações, a equipe segue os dois durante o dia, mas os deixa na floresta na hora de dormir. Léo e Leite têm que procurar lugares protegidos ou improvisar um abrigo. “O pessoal (da produção) tem uma base, em que fazem manutenção. Às vezes, são lugares piores do que aqueles que a gente encontra para dormir”, avalia o militar.

Apesar de não serem responsáveis pela direção do programa, os apresentadores ajudam a coordenar a equipe. “No caminho, a gente para e se volta para os cinegrafistas para saber se eles estão com a gente ainda”, detalha Leite. “A equipe tem pouco conhecimento (de sobrevivência). Então, estão mais expostos ao perigo. A falta de conhecimento deles é um risco. Até já ajudei a tirar formigas deles. Havia uma espécie cuja picada equivale à bala de uma arma calibre 22”, relembra Léo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.