Com sua parte pedagógica realizada desde 2015 em São Paulo, tendo em vista a economia nos gastos com hospedagem e alimentação dos alunos, o festival não tem previsão de retorno para Campos do Jordão. Para Fábio Zanon, essa volta, nesse momento, simplesmente “não é viável”, por conta “da crise econômica que, nos últimos anos, afetou profundamente vários projetos culturais”.
“É claro que todo mundo adora ir para Campos do Jordão, passar um mês todo lá, não há a menor dúvida”, diz Zanon. “Mas, perante a realidade do País, foi preciso tomar uma decisão. Manter o festival inteiro em Campos do Jordão significaria diminuir o seu tamanho. A solução, então, foi trazer a parte pedagógica para a Sala São Paulo.” Em 2014, o festival teve um orçamento de R$ 7,4 milhões e, desde então, o corte é de cerca de 50%. Nesse novo formato, Campos recebe apenas concertos.
A questão, no entanto, não parece ser apenas de verbas: para o coordenador, o festival ganhou proporções que não cabem mais na cidade do interior de São Paulo. “Em Campos, por exemplo, a Camerata não teria onde ensaiar. Não dá para trabalhar o festival na maneira como o concebemos nas condições atuais. Não dá simplesmente para voltar para Campos. Teríamos que virar uma página e começar novo capítulo”, diz.
Para Zanon, é o “desejo de todos” que o festival volte inteiramente para a cidade. “Mas queremos trabalhar em um lugar onde haja estrutura e organização, como é o caso da Sala São Paulo”, afirma, relembrando que já houve projetos para a construção de um complexo para estudantes em Campos do Jordão, com salas de aulas e espaço para hospedagem. Em 2010, uma concorrência chegou a ser feita pela secretaria, que convidou alguns escritórios a apresentar projetos para o alojamento, que, a princípio, seria construído nas imediações do Auditório Claudio Santoro. O projeto, no entanto, não seguiu adiante e os alunos continuaram a ocupar o Preventório, antigo hospital especializado no tratamento de tuberculosos.
“Mas o festival dura apenas um mês. Seria irresponsável construir um enorme complexo sem ter como dar a ele sentido durante todo o ano. Ideias não faltam, ele poderia ser uma sucursal da Escola de Música do Estado, do Conservatório de Tatuí, abrigar eventos musicais temáticos a cada mês. Essa deveria ser a meta final de qualquer um que acredite no poder transformador da música. Mas não vivemos um momento propício. Algo assim precisaria ser pensado no longo prazo.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.