Jorge Rodrigues Jorge / Carta Z Notícias e divulgação |
Zeca Camargo: preparando o lançamento de um DVD. |
Quando desembarcou no Brasil, em setembro do ano passado, vindo de uma viagem de 126 dias ao redor do mundo, Zeca Camargo teve a impressão de que tinha acabado de apresentar outro "No limite". De frentistas a executivos, todos comentavam com ele alguns dos momentos mais emocionantes da "Fantástica volta ao mundo", quadro que o fez percorrer 17 países em quatro meses. E momentos emocionantes é que não faltam para contar. Tanto que Zeca decidiu reuni-los num livro que, em menos de duas semanas, entrou na lista dos mais vendidos. "Todo mundo me pergunta se posso levá-lo como assistente de uma próxima vez. Só posso dizer para pegar a senha e entrar na fila", brinca ele.
A julgar pelo assédio do público, a fila já deve estar enorme. Nas ruas, Zeca sempre encontra alguém que dispara um "Puxa, parece até que eu estava lá…" que emociona o jornalista. No livro, o apresentador do "Fantástico" narra desde histórias divertidas até situações embaraçosas. Entre as muitas "roubadas" que enfrentou, cita o indigesto ovo de pato fecundado que degustou nas Filipinas, os 130 quilos de bagagem que carregou pelas escadas de um hotel sem elevador na Austrália e as 24 horas intermináveis de vôo entre o Uzbequistão e Kiev. "Ah, e teve também a viagem no Rajastão, que não terminava nunca. A certa altura, achei que a gente estava sendo seqüestrado", graceja.
Mas nada disso arrefeceu os ânimos de Zeca Camargo. Nos próximos meses, ele lança também um DVD da viagem, com um sem-número de extras, bônus e "making-ofs". E já pensa no roteiro do que pode vir a ser a segunda edição da "Fantástica volta ao mundo", quando gostaria de conhecer Egito, Chile e Islândia. Para abrandar a saudade que sente dos países que visitou, ouve os mais de 100 CDs que comprou no exterior e curte a inusitada coleção de garrafas de refrigerante, que inclui exemplares do Sri Lanka, das Filipinas e da Tasmânia. Zeca só não se atreve mesmo a exercitar o surfe que aprendeu no Havaí. "De jeito nenhum! Fiz só por brincadeira. E já me dou por satisfeito por ter ficado de pé na prancha", garante ele, adepto de esportes menos radicais, como ioga e natação.
Esse tal de rock?n?roll é o título
da próxima obra, em preparação
"De A-Ha a U2". O jornalista Zeca Camargo já escolheu até o título de seu próximo livro. Desde que começou a carreira em 1987, como correspondente do jornal Folha de S. Paulo em Nova York, ele já sabatinou alguns dos maiores nomes do "showbiz" internacional, como Madonna, Elton John e Mick Jagger. Uma de suas entrevistas favoritas, inclusive, foi com o líder do U2, Bono Vox, que ele descreve como dono de "um magnetismo incrível". "Ele tem um certo poder de hipnose", admite. Outra entrevista que não pode faltar no livro é a do líder do Nirvana, Kurt Cobain, morto em 94. "Nem gosto muito de tocar nesse assunto, porque ele foi encontrado morto no dia do meu aniversário", emociona-se.
Na maioria das vezes, as entrevistas não duram mais que dez minutos. "Geralmente, consigo uma boa entrevista em 15 minutos. O mais difícil é estabelecer uma certa intimidade com o entrevistado", garante. Às vezes, porém, Zeca tem a sorte de conversar com um astro internacional, como o inglês George Michael, por quase uma hora. "Foi a primeira entrevista que ele deu depois do escândalo", gaba-se, referindo-se ao episódio em que o cantor foi flagrado, em abril de 98, num banheiro público de Los Angeles, em atitude suspeita com um parceiro. Mas, para cada George Michael, há um Noel Gallagher, do Oasis. "Como ele detesta imprensa, deu a entrevista o tempo todo virado para o outro lado", queixa-se.
Mas, apesar de toda a sua experiência, Zeca confessa que não evitou a "bandeira" e bancou o tiete quando entrevistou Michael Stirpe, do R.E.M. "Infelizmente, ele percebeu e a entrevista acabou ali mesmo", lamenta. Quando o R.E.M. se apresentou no Brasil, no "Rock in Rio 3", Zeca tornou a entrevistá-lo. E, dessa vez, garante, correu tudo bem. Tiete por tiete, Zeca ainda sonha com o dia em que vai poder entrevistar Prince. Aí, mais uma vez, vai ter de se segurar para, como ele mesmo diz, "não dar bandeira". "Puxa, o Prince é ídolo total, não saberia nem por onde começar. Gosto de tudo que ele faz!", reconhece, num rompante indisfarçável de tietagem explícita.