Viva Cacilda Becker!

Ao vociferar contra “essa juventude” que em 68 queria tomar o poder, Caetano Veloso bradou: “Viva Cacilda Becker!”. Sem nunca ter visto a atriz no palco, mas tomado sob a emoção da raiva do compositor, o jornalista Luís André do Prado passou sete anos pesquisando a personagem, resultando no livro Calcilda Becker-Fúria Santa.

Publicado pela Geração Editorial, o livro será lançado hoje, das 9h às 22h, no TBC – Centro Brasileiro de Comédia, em São Paulo. Na ocasião, o autor Walmor Chagas, casado com a atriz até 1967, fará leitura de trechos da peça Isso Devia Ser Proibido, escrita em parceria com Bráulio Pedroso.

Para se ter uma idéia da dimensão da atriz, quando ela morreu, Drumond de Andrade escreveu: “Morreram mil Cacildas em Cacilda”. “Era de uma densidade quase insuportável”, recordou-se Nelson Rodrigues certa feita. Gênio na arte de interpretar e entregar-se, há muito de verdade nas palavras de Cleyde Yaconis: “Dizem que ninguém é insubstituível, mas minha irmã é”.

Luís André do Prado conta a história de Cacilda (600 páginas e 160 fotografias) ao mesmo tempo que refaz um percuso da história do teatro, pois que a vida de Cacilda esteve intimidamente liga a Samuel Beckett, a Edward Albee, Ionesco, Tennesse Wiliams, Bráulio Pedroso, Ariano Suassuna e Nelson Rodrigues. O contexto histórico que emoldurava a vida da atriz foi pesquisado, pois o jornalista acredita que o “resgate da trajetória de uma pessoa – famosa ou anônima – nos ajuda a entender as tramas de um período”, entre outros aspectos. E o contexto teatral é descrito “para tornar compreensível por que ela se tornou tão grande”.

Cacilda Becker morreu em 6 de maio de 1969, exatos 39 dias após o rompimento de um aneurisma em pleno palco, quando encenava Esperando Godot. Mas ao morrer já havia se tornado um mito em vida, tanto assim que, sem mais nem porquê, Caetano Veloso naquela noite do Festival Internacional da Canção deu um viva à atriz ao meio de insurdecedoras vaias.

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