A vitória de O Artista era esperada. O que não se esperava é que vencesse tão bem. Afinal, das cinco categorias consideradas principais (filme, direção, ator, atriz e roteiro), levou três. A de ator já era dada como perdida para George Clooney. Cogitava-se que a direção ficaria com Scorsese, de modo a equilibrar um pouco o resultado. Mas não. A de ator ficou com Jean Dujardin e a direção, com Hazanavicius. A vitória, assim, foi acachapante. Hugo Cabret ficou com um bom número de prêmios, mas todos no segmento técnico. Os troféus “artísticos” penderam todos para a produção franco-belga. O que torna essa edição do Oscar digna de entrar para a história. Menos pelo filme, em si, e mais pelo cosmopolitismo do resultado.

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Claro, a vitória da França é de importância inestimável, algo a ser valorizado. Basta pensar o que aconteceria por aqui se o Brasil vencesse, não o Oscar de melhor filme estrangeiro que perseguimos como ao Graal, mas o de melhor filme, pura e simplesmente. Talvez tivéssemos de providenciar uma semana extra de feriados apenas para acomodar as festividades. É possível que a França não tenha a mesma obsessão por reconhecimento, mas, ainda assim, não deixa de ser um marco, mesmo para eles. Ainda mais para um país que, por ironia, é um dos poucos que conseguem manter seu mercado interno saudável, defendendo-se da invasão indiscriminada dos blockbuster norte-americanos. (O mercado interno francês é ocupado entre 40% a 50% pelo filme nacional contra 10% a 15% no caso brasileiro.) Desse modo, a vitória de O Artista é algo de alta simbologia, por mais que por trás da vitória esteja um produtor esperto. Cinemas que se levam a sério acabam reconhecidos, mesmo pelo maior concorrente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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