Vila Brasilândia, na periferia de São Paulo, é o cenário de Antônia, o novo seriado da Globo. Não se trata de uma mulher, mas de um grupo de quatro amigas que mantêm um grupo com esse nome. A série é uma parceria da Globo com a produtora independente O2 Filmes. Com estréia no próximo dia 17, a produção, que substitui Minha Nada Mole Vida durante cinco sextas-feiras, Antônia é baseada no filme homônimo de Tata Amaral, que estréia em fevereiro de 2007. Nela, as quatro protagonistas vividas por Negra Li, Leilah Moreno, Quelinah e MC Cindy contam histórias marcadas pela pobreza, preconceito, violência e machismo. Situações que transformam o seriado em bem mais do que um musical de hip hop. ?Estamos caminhando no mesmo rumo de Cidade de Deus, filme que abriu portas para este tema, como o seriado?, compara Fernando Meirelles, diretor do longa e de um dos episódios.
Desta vez, no lugar das favelas e morros do Rio, entra em cena a periferia paulistana, flagrada pelo olhar de cinco diferentes diretores – Roberto Moreira, Luciano Moura, Fabrizia Pinto, Fernando Meirelles e Gizele Barroco – que comandam cada um dos episódios. O funk dá lugar ao rap e ao hip hop, gêneros mais populares em São Paulo. E no lugar dos MCs e dos DJs, estão as jovens Preta, vivida por Negra Li, Barbarah, de Leilah Moreno, Mayah, personagem de Quelinah, e Lena, de MC Cindy. As quatro se conhecem desde crianças e têm o sonho em comum de formar uma banda de rap. O nome é escolhido por uma coincidência: os avôs de todas elas se chamavam Antônio. ?Essa moçada propõe a transformação através da música?, valoriza a cineasta Tata Amaral.
E, pelo visto, a Globo aposta mesmo no tema da periferia. A direção da emissora já aprovou uma segunda temporada da produção, ainda sem data definida. O certo mesmo é que as quatro protagonistas já estão confirmadas. Elas foram escolhidas entre 600 candidatas e garantem que têm histórias que se fundem com os dramas de suas personagens, como a luta para mostrar a voz feminina na periferia machista. ?O interessante é destacar que a mulher tem tanta força quanto o homem nesse gênero musical masculino?, garante Fernando Meirelles.
Além das protagonistas, a série conta ainda com a participação de um elenco musical formado por Sandra de Sá, na pele de Maria, mãe de Preta. O sambista Tobias, da Escola de Samba Vai-Vai, participa como Paulo, pai da personagem de Negra Li. O rapper Thaíde, casado com Quelynah, vive o empresário do grupo, Marcelo Diamante.
Já a trilha sonora foi composta pelas próprias ?atrizes-cantoras?. Mas o quarteto jura que não pensa em levar para fora da ficção a parceria televisiva. Em Antônia, além da música, está em destaque o sentimento de amizade e a força da mulher. A personagem de Leilah Moreno, por exemplo, passa dois anos na cadeia, injustamente. Ao ganhar a liberdade condicional, resolve retomar o grupo com as amigas. ?Choramos, sorrimos e sofremos juntas como amigas de verdade. Foram três meses gravando juntas, período em que fizemos todas as composições da trilha sonora?, acrescenta Negra Li.
Os episódios foram gravados entre agosto e setembro deste ano na Vila Brasilândia, bairro onde as cantoras vivem na ficção. Negra Li, nascida e criada no local, emprestou um quarto nos fundos da casa da mãe para que as outras três protagonistas pudessem armar uma espécie de ?quartel-general?, já que todas moram em locais distantes. Essa proximidade acabou por facilitar o processo de composição das personagens. ?Fizemos uma grande amizade. Mas também discutimos, brigamos, nos estranhamos. E isso tudo foi para a tela?, destaca Leilah.