A Virada Cultural, realizada em São Paulo (SP) entre os dias 19 e 20 de maio, tentou mudar seu perfil com relação às edições anteriores. Elegeu o Vale do Anhangabaú como palco principal para receber maiores concentrações, mudou palcos de lugar, estabeleceu a música gospel em um espaço na Praça da Sé e a sertaneja pop na Luz. Alê Youssef, secretário municipal de Cultura, reforçou nas entrevistas sua ambição em bater marcas de público e colocar a festa no Livro dos Recordes por seu gigantismo.

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Em coletiva de imprensa na tarde do dia 19, a organização informou que o público foi de mais de 4,6 milhões de pessoas, de acordo com o balanço preliminar. Segundo o prefeito paulistano, Bruno Covas, a expectativa era de que, com as últimas atrações do domingo, o número ultrapassasse a previsão de 5 milhões. “Estamos muito felizes com a aceitação e acredito que alcançamos maior público porque essa foi a virada da diversidade, todo mundo se sentiu representado porque trouxemos diversos estilos de música e arte”, disse. A contagem de público foi feita até as 16h. Até o fim do evento, ainda estavam previstas outras 12 atrações.

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O prefeito disse ainda não ter um balanço da Polícia Militar sobre roubos e furtos, mas que não houve ocorrência de nenhum grande caso de violência. Segundo ele, 12 pessoas foram hospitalizadas. “Considerando a quantidade de pessoas que acompanharam a Virada, esse é um número bastante pequeno.”

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Caetano Veloso e filhos, com Oratório, na noite de sábado, e Anitta, às 12h de domingo, foram dois dos shows mais procurados. Caetano mobilizou fãs que demonstraram idolatria, mas sua presença naquele espaço parecia muitas vezes equivocada. O som de outros shows, como o rock que vinha do Patriarca, atropelava a delicadeza que era seu repertório, mais apropriado para lugares fechados. O Anhangabaú se mostrava um espaço de difícil policiamento, com momentos de tensão na plateia. Uma briga provocada por uma tentativa de furto foi um desses instantes.

Anitta, depois de mostrar um gás inicial, mirou em canções mais lentas, que dominaram a primeira parte do show. Você Mentiu, parceria com Caetano Veloso, e Zen, de 2013, foram algumas. Embora ansioso por hits mais animados, o público aplaudiu bastante. Anitta enveredou pelo reggaetton em alguns bons momentos, como Veneno e Downtown. Onda diferente, do novo álbum Kisses, levantou bastante o público e foi tocada duas vezes.

Se não trouxe ocorrências sérias, como disse o prefeito, fragilidades de segurança foram percebidas por quem estava em pontos como nas imediações da Praça da República, por volta das 2h de domingo. “Não estamos dando conta”, disse um policial à reportagem, sobre a frequência de pessoas reclamando sobretudo de furtos de celulares e carteiras.

Houve shows com atrasos sérios, como o primeiro, às 18h, no palco São João, de Teresa Cristina, que por falhas da produção só começou mais de uma hora depois do combinado, às 19h05.

Apesar de algumas tentativas interessantes, o cinema nunca é o forte na Virada. A apresentação do clássico São Paulo S.A., de Luiz Sérgio Person, com música ao vivo, no vão livre do Masp, teve como principal inimigo o frio. A temperatura caiu na madrugada e o vento corria solto na área descoberta. Os próprios músicos da banda Bodes & Elefantes abrigaram-se com cobertores e a sessão nunca lotou as cadeiras disponíveis. No domingo, às 14 horas, outra sessão com música ao vivo – a de O Mágico de Oz, no Sesc 24 de Maio – lotou para ver a história de Dorothy ressignificada pela trilha de Pink Floyd (Dark Side of the Moon), executada pelo Cidadão Instigado. Os ingressos haviam sido distribuídos no dia anterior.

Também de madrugada, a versão do diretor de Kill Bill atraiu os tietes de Quentin Tarantino ao CCBB, mas, apesar da barulheira – e da intensidade dos duelos de sabre – havia gente dormindo no final.