Joshua Bell é hoje uma das maiores estrelas do violino internacional, com quase 30 anos de carreira (ele não gosta de revelar a idade, mas vai fazer 41 anos em 2009) e mais de 35 gravações reconhecidas por prêmios como o Grammy. Ele está em São Paulo desde domingo, quando tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira na Sala São Paulo. Segunda e terça, fez recitais com o pianista Frederic Chiu no Teatro Alfa. Ontem, esteve com os jovens da Sinfônica de Heliópolis, formada por jovens de 18 a 24 anos, por conta de uma parceria da entidade com o Instituto Baccarelli, antigo trabalho de formação musical realizado na favela.
Bell chegou pouco antes da 11 horas e foi recebido pelos alunos da classe infantil de violino do instituto. Tocaram para ele “Brilha, Brilha, Estrelinha”, mas acoplando à melodia tradicional americana ritmos brasileiros que fizeram o violinista ensaiar uns passinhos. “Sempre que vou encontrar crianças eles tocam para mim essa peça, mas nunca tinha ouvido assim, com esse ritmo.” Depois da tradução, risinhos. “Vocês querem ver meu violino?” A professora contou a história do instrumento, um Stradivarius de 1713, que já foi roubado duas vezes e vale US$ 5 milhões. E Bell tocou uma peça de Bach para os rostos atentos dos meninos e meninas de 7 a 11 anos.
De volta à sala de ensaios da sinfônica, toca de improviso Mendelssohn, um dos seus compositores favoritos, com os jovens. “A gente não esperava poder tocar com ele. Estávamos ensaiando essa peça porque vamos interpretá-la na semana que vem. Mas foi incrível. Ele pega o violino e, de repente, do nada, sai fazendo música junto com a gente”, diz a estudante Carolina de Moraes, de 26 anos. “Nunca estive tão perto de um Stradivarius assim”, acrescenta Jessé Siqueira, de 21 anos, desde os 13 estudando violino. “Mas eu fiquei meio nervoso, trocando as notas, queria ficar prestando atenção no som maravilhoso do instrumento dele.”