Guerreiros em terracota podem retornar à terra natal. |
Anunciada com pompa e circunstância, a vinda da exposição Os Guerreiros de Xi?an e os Tesouros da Cidade Probida ao Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, começa a ganhar contornos novelescos. A apenas quatro dias do seu encerramento, a mostra de maior sucesso de público da atualidade (700 mil pessoas foram vê-la na Oca do Ibirapuera, em São Paulo) ainda não tem um paradeiro definido.
A exposição deveria vir na segunda-feira para Curitiba. Mas, até ontem, a diretora do MON, Maristela Requião, não havia entrado num acordo com a direção da empresa Brasil Connects (que organiza a mostra em São Paulo) para acertar os detalhes da transferência – segundo informou a assessoria de imprensa da companhia.
A diretora esteve na empresa, recebeu uma cópia do contrato com os museus chineses, mas ainda não respondeu se vai ou não pedir a transferência para o Paraná. Depois de domingo, Maristela ainda tem uns 15 dias (tempo estimado para a desmontagem) para se decidir. Caso não venha ao Paraná, a mostra deve voltar à China, como informa a organização.
O problema parece ser o preço do seguro do tesouro chinês. A Brasil Connects informou, quando da abertura da exposição, que a vinda das 450 peças ao Brasil teve uma apólice de seguro de US$ 600 mil (cerca de R$ 1,8 milhão). A prorrogação e novo transporte das obras implicaria conseqüentemente em um novo seguro, que o museu paranaense não teria condições de pagar.
Houve especulações de que a permanência das peças no Brasil seria por causa da chamada “gripe asiática” (sars), mas isso foi negado pelo adido cultural da China no Brasil, Wang Zhemmao. “Não há nada relacionado”, disse. A decisão de fazer a exposição itinerar pelo País, segundo ele, corresponde a um desejo diplomático de “apresentar aos brasileiros a cultura chinesa e de apresentar aos chineses o Brasil”.
A China exige que as peças sejam embaladas para viagem com acompanhamento de sete especialistas chineses. Na chegada, as peças vieram com diversos técnicos de lá, e quatro deles permaneceram no Brasil acompanhando as peças. As obras foram transportadas em seis caminhões climatizados do Aeroporto de Viracopos diretamente para o Pavilhão do Ibirapuera. A coleção de 450 relíquias chinesas exposta na mostra Os Guerreiros de Xi?An e os Tesouros da Cidade Proibida é um festival de números impressionantes. Foram necessárias 111 caixas, com volume de 131 metros cúbicos, para transportar as obras, que pesam mais de 22 toneladas.
As “vedetes” são os 11 guerreiros e os dois cavalos de terracota, que estão no subsolo da Oca, em tamanho natural. São do núcleo Província de Shaanxi, e consideradas as peças mais valiosas da mostra. Muitos diplomatas chineses nunca tinham visto as peças. Também estão em exposição peças de até 5 mil anos, de ouro puro, bronze, cerâmica e jade. (Colaborou Luigi Poniwass)