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Vila Madalena ganha casa de shows

Em pleno ano “da catástrofe”, conforme o meio musical esperava depois das notícias de que nada poderia salvar a economia do setor em 2017, a notícia de mais uma casa de shows prestes a abrir em São Paulo surpreende. Depois do anúncio da Casa Natura, prestes a ser inaugurada em Pinheiros, e da mudança de endereço da Casa de Francisca, que migrou para um belo espaço no centro antigo de São Paulo, a Vila Madalena vai sediar um novo empreendimento.

O novo espaço, chamado Tupi or not Tupi, vai trabalhar em duas frentes para oferecer o que chama de experiência “dos cinco sentidos”. Música no palco e pratos da cozinha brasileira nas mesas. A bebida oficial será a cachaça.

Tupi or not Tupi fica na Rua Fidalga, 360, no fervor da Vila Madalena. É uma casa mesmo, construída na década de 1950, em um terreno de 500 metros quadrados, sem muros e com pequenos ambientes que levam a um salão principal com capacidade para 110 pessoas sentadas. A abertura oficial será na próxima quarta-feira (dia 15), com um show de João Donato. A programação, então, começa imediatamente, com o mesmo Donato mais o baixista Arismar do Espírito Santo (quinta, 16); Ritchie e o grupo Blacktie (dia 17); e Fabiana Cozza (sábado, 18). A empresária Ângela Soares tem como sócios Fabio Tagliaferri, Jeanne de Castro e Marcos Barreto. Quem vai cuidar do cardápio é a chef Raphaela Homem de Melo, conhecida do espaço Oca Tupiniquim, também de Ângela.

“O Tupi surge também como uma resistência a esse momento entendido como catástrofe. Não podíamos nos deixar abater pelo medo, como íamos viver sem arte?”, questiona Ângela. Sua inspiração foram as sessões de jantar e música que fez em parceria com Jeanne na vizinha Oca. “Nunca fui tão abraçada na vida”, lembra Jeanne. “As pessoas vinham nos agradecer por aquilo que viviam ali.”

Fabio Tagliaferri é músico, violista, com experiência no outro lado do balcão. Sua presença entre os sócios sugere um cuidado na entrega ao músico, detalhes como qualidade de som, acústica e camarim dos quais o meio se ressente. Ele diz que a casa não vai cair na tentação de fechar-se a um grupo de amigos para se revezarem no palco, outro traço vicioso que marca alguns espaços. “Vamos fazer uma programação diversificada. Nada de turminha, de clubinho.”

O palco de 3,5 por 4,5 metros vai contar com um piano Kawai de meia cauda, exigência de pianistas consultados por Ângela. Quem vai cuidar do som é a equipe do Estúdio Loop, uma referência de qualidade no meio.

A crise obriga a reflexão: como se fecha a equação? Como uma casa pequena pode arcar com cachês de artistas maiores? Algumas delas não resistiram e fecharam, causando um vácuo nessa modalidade. São Paulo, reclamam os músicos, não conta com casas menores em uma quantidade mínima. Ângela diz que não vai trabalhar com cachês, mas com o repasse das bilheterias aos artistas. Eles apostam no poder de atração do elenco pela qualidade do espaço que vão oferecer aos que quiserem se apresentar. “Não são apenas os shows que trazem o dinheiro ao músico”, diz Tagliaferri. “Eu mesmo toco com outros artistas, produzo, faço arranjos.”

Ângela conta que vai usar o espaço não só como casa de show. “Vamos ativá-la desde as 9h, oferecendo café da manhã.” Pelas tardes, o espaço será usado para workshops e eventos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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