Depois de receber as melhores críticas nos Estados Unidos, estréia hoje nas telas brasileiras Minority Report – A Nova Lei, dirigido por Steven Spielberg e protagonizado por Tom Cruise. No filme, ambientado em Washington no ano 2054, quando a polícia usa videntes para prender criminosos antes que cometam crimes, há muito de Stanley Kubrick.
“Não é por acaso que tanto Spielberg quanto Cruise tenham sido alguns dos últimos a trabalharem com Kubrick”, observou um crítico americano, “as idéias do cineasta parecem ter contagiado ambos”.
Algumas das cenas do filme, como aquela em que o detetive interpretado por Cruise muda os globos oculares para fugir de seus perseguidores, fazem pensar em filmes de Kubrick como Laranja Mecânica.
Minority Report revela o “lado escuro” de Spielberg ainda mais que AI – Artificial Intelligence. Os dois filmes estão ambientados no futuro e os roteiros são baseados em relatos de Philip K. Dick. Mas aí terminam as semelhanças entre os dois.
O novo filme, ao contrário de A.I., tem um ritmo perfeito e pode contar com a extraordinária interpretação de Cruise. Os temas de fundo do filme, concluído antes da guerra contra o terrorismo lançada após o 11 de setembro, são de inquestionável atualidade.
“No momento em que a Casa Branca cria um novo ministério para proteger a segurança nacional, uma quantidade desconhecida de pessoas está detida há meses nos Estados Unidos. Além disso, os progressos da genética superaram nossa capacidade de chegar a um acordo sobre seus limites”, escreveu The Washington Post. “A atualidade do filme é inegável.”
Uma das idéias mais sutis do filme é que no futuro a privacidade pessoal será violada e explorada pela sociedade de consumo com muito mais rapidez que pelo governo. Há também vários paralelismos com Blade Runner (também baseado em um relato de Philip K. Dick). Spielberg se diverte recriando a atmosfera dos clássicos filmes “noir” dos anos 40, com seu detetive sempre em movimento e sempre em perigo, ajudado pela esplêndida fotografia de Janusz Kaminski.