Até o dia 4 de maio de 2008, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, o Brasil poderá se ver em frases, documentos pessoais, material de pesquisa e até quadros de Gilberto Freyre. Ele que, seja como pesquisador, escritor, poeta ou pintor, teve como matéria-prima a ?brasilidade?, está sendo lembrado na exposição Gilberto Freyre – Intérprete do Brasil.
Como conta Gilberto Freyre Neto, a vida do avô foi estudar e conhecer o Brasil. ?Ele foi o pioneiro da interrogação sobre o que é ser brasileiro. Esse é o grande legado de Gilberto, a partir do qual surgiram várias correntes?, afirma. Como ainda conta o neto, Freyre nunca chegava a concluir seus pensamentos, ?ele apenas abria o leque da discussão para que cada um pudesse se identificar e tirar as próprias conclusões?. ?Ele não era de definir. Há um nicho a partir de Gilberto Freyre, mas não um final?, completa Neto.
Estudando o Brasil, a família, os costumes e outros vieses do povo brasileiro, não foi apenas na sociologia, antropologia e literatura que Freyre contribuiu. ?Ele é precursor de estudos relacionados à gastronomia brasileira (culinária), moda brasileira (tem até o livro Modos de Homem e Modas de Mulher) e até em Meio Ambiente; no livro Nordeste, pela primeira vez a palavra ecologia foi usada na língua portuguesa?, conta o neto.
Sobre Gilberto Freyre pintor, Neto afirma que ele o fazia ?despretensiosamente?. ?Era um hábito desde a infância dele. Em seus quadros era o conhecimento passado para a pintura. Seus objetos de estudo eram planificados sobre a tela. São quadros do homem brasileiro, de famílias, arquitetura, festas?, comenta.
Quanto à pessoa que Freyre foi, antes mesmo de ser um estudioso, Neto conta que era ?um avô que fazia todas as vontades do neto?. ?Eu convivi com ele até os 13 anos. Ele morava numa casa cercada de verde, onde hoje é a fundação. Naquele espaço nós passeávamos e, com gente pelo quintal, ele explicava o meio ambiente, todas as plantas desde a origem. Ele era uma pessoa maravilhosa, de felicidade gigantesca?, conta.
Em relação à exposição, Freyre Neto diz que este, depois do centenário em 2000, é o momento em que o Brasil redescobre Gilberto Freyre. ?Certamente esta é uma oportunidade para o brasileiro conhecer um pouco mais sobre ele?, sugere.
Exposição
Como revela a curadora, Júlia Peregrino, a exposição não segue uma ordem cronológica. Apenas traz flashes da vida e da produção de Gilberto Freyre. Com uma cenografia que dá idéia de o espectador estar entrando em uma casa, abrindo portas, janelas, fornos, o objetivo é ?fazer as pessoas descobrirem Gilberto?.
Expostos, uma seleção de documentos, material de trabalho, 27 quadros, nunca antes mostrados, e alguns manuscritos. Desde os mais conhecidos – Casa Grande & Senzala, Açucar e Ordem e Progresso – até dois ainda não publicados – De menino a homem, uma autobiografia, e À procura do menino perdido.
Outras informações sobre a exposição pelo site www.museudalinguaportuguesa.org.br.