Vida de Cole Porter inspira o filme De-Lovely

A vida de Cole Porter daria um romance, ou um filme -e na verdade, deu dois. Além de De-Lovely, há Night and Day, de Michael Curtiz, que, no Brasil, foi lançado com o título de A Canção Inesquecível. Na versão de Curtiz, o acidente de Porter, uma queda de cavalo, fornece o centro dramático da trama. Com certa razão, pois o animal caiu sobre as pernas de Porter e ele nunca mais ficou bom. Sofria de dores horríveis e terminou tendo de amputar uma das pernas depois de se submeter a várias operações.

Em De-Lovely o acidente também ganha destaque. Afinal, até então, Porter, apesar dos conflitos pessoais, levava vida de rei. Depois disso passou a viver um calvário, mesmo que tenha obtido a compensação secundária da volta de Linda Lee, que o havia abandonado, mas voltou para cuidar de sua saúde.

Esse episódio aparece como algo traumático, que divide em duas uma vida brilhante. Cole Porter (nome composto pelos sobrenomes da mãe e do pai Kate Cole e Sam Porter) nasceu em uma família abonada em Indiana e assim se acostumou bem cedo às boas coisas da vida. Também cedo aprendeu música e começou a tocar piano. Estudou direito em Yale, para agradar ao avô, que era o dono do dinheiro, mas seu negócio era mesmo a música.

Vaidade

Vivendo na Europa, conheceu a divorciada e ricaça Linda Lee Thomas, com quem acabou se casando. Viveram juntos por 38 anos, até a morte da mulher. Foi ela quem convenceu os médicos a não amputar as pernas de Cole, mesmo que ele viesse a sofrer dores insuportáveis, como eles previam. Seria demais para a vaidade dele, dizia Linda. Depois que ela morreu, em 1954, vítima de enfisema pulmonar, Cole caiu em depressão e sua saúde piorou. Em 1958 teve uma perna amputada e, como Linda havia antevisto, nunca mais escreveu uma canção. Morreu em 1964.

Tirando essa parte trágica, a vida que vemos na tela, e que conhecemos pelas biografias, é a de um dândi de gênio. Endinheirado, gostava dos salões chiques de Paris e Veneza. Num deles, conheceu Linda, também de família rica, dinheiro antigo. Cole era homossexual, mas, segundo o filme, tentou dar um filho a Linda, que abortou depois de alguns meses de gravidez.

O mundo de beleza que ele nos legou inclui shows antológicos como Kiss Me, Kate e Can-Can e canções imortais como I?ve Got You Under My Skin, Love for Sale, Night and Day. Gravadas mundo afora, inclusive por intérpretes brasileiros como Chico Buarque e Caetano Veloso, as canções de Porter são uma rara combinação de leveza e intensidade. Parecem flutuar em beleza e, quando nos damos conta, estão tocando em alguma corda íntima, escondida.

Alguma coisa doía no turbilhão daquela vida de milionário, entre Paris e Veneza. Seria o amor? Como ele escreveu: What is this thing called love?/This funny thing called love?/Just who can solv its mystery?/Why should it make a fool of me? Por que faz de todos nós uns idiotas? – era a pergunta de Cole Porter.

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