Vida, amor e memória

Escrito entre 1954 e 1958, A Vida Passada a Limpo reflete um amadurecimento impressionante de Carlos Drummond de Andrade, que aprofunda neste livro temas como morte, vida, amor e memória. Desde 2001 a Record vem publicando todas as obras de Drummond em edições especiais e um novo projeto gráfico, além de cronologia e bibliografia atualizadas.

Ruy Espinheira Filho, autor do prefácio de A Vida…, observa que o livro revela não só a maturidade estética do poeta, que já estava evidente desde Claro enigma, mas também a do homem Drummond. A madureza de sua poesia vai se tornando cada vez mais senhora e dona da vida do poeta até que, por fim, passa a ser sua vida. Além de recorrer aos temas eternos, o livro transborda também a melancolia em poemas como Nudez, Leão marinho e Inquérito.

A maturidade inspirou alguns dos melhores poemas de amor de Drummond e a presença do tema é constante no livro, particularmente em Instante, Os poderes infernais, Sonetos do pássaro e Véspera.

Drummond nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, vê seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que regressam de excursão às cidades históricas de Minas Gerais, e inicia longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebe orientação literária.

Em 1928, publica na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema “No meio do caminho”, que suscita polêmica nos meios literários. Dois anos depois, publica Alguma poesia (500 exemplares), sob o selo imaginário de Edições Pindorama. Brejo das almas é publicado em 1934, mesmo ano em que Drummond se transfere para o Rio como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública. Em 1940, publica Sentimento do mundo. Só a partir de 1942 tem seus livros custeados por uma editora, a José Olympio, pela qual são editados A rosa do povo e O Gerente, em 1945.

E após 41 anos na José Olympio, em 1984 assina contrato com a Editora Record, e ali estréia com Boca de luar e corpo, mas decide encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. Pelo selo Record são lançados Amar se aprende amando, O observador no escritório, História de dois amores e Tempo vida poesia, entre outros.

Apesar de problemas de saúde no ano de 1986, ainda encontra tempo e disposição para escrever 21 poemas para a edição do centenário de Manuel Bandeira. Em 1987, Drummond é homenageado com o samba-enredo O reino das palavras pela escola de samba Mangueira, que se sagra campeã. No dia 5 de agosto morre sua filha Maria Julieta, vítima de câncer. Doze dias depois, a 17 de agosto, o poeta falece, deixando cinco obras inéditas: O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e Farewell.

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