Viagem de volta à adolescência

Carlos Casagrande voltou à adolescência para compor o artista plástico Rodrigo, da novela “Marisol”. Vivendo o romântico protagonista da trama de Inés Rodena, o ator de 33 anos assume que desde pequeno já desenhava com carvão e desde os 16 anos de idade já estava craque em pinceladas com tinta a óleo.

“Esse personagem tem me feito exercitar esse lado que eu havia abandonado”, conta. Na trama do SBT, além de ele retratar em carvão os ângulos inexatos da sofrida Marisol – vivida por Bárbara Paz -, Rodrigo vive o dilema de não ter o apoio da família, que insiste para ele largar a pintura para administrar os negócios herdados por seu avô, o magnata dr. Augusto, de Serafim Gonzalez.

Casagrande vive seu terceiro protagonista em apenas dois anos. O primeiro foi o veterinário Diogo em “Marcas da Paixão”, em 2000 e, no ano seguinte, o engenheiro agrônomo Caio, em “Roda da Vida”, ambas na Record. O ator de olhos verdes só lamenta que sempre arrecada papéis de mocinho. Ele chegou até a acertar com a Record que em “Roda da Vida” faria o vilão da trama. Acabou novamente com o papel insosso de bom moço. Aliás, esse é um drama que Casagrande vive desde o início de sua carreira: nunca consegue ser escalado para fazer o “bad-boy” das produções em que atua. “Sempre torço para que o próximo papel seja de um cara mau. Mas parece que não gostam de mim dessa forma”, desabafa.

Fugindo do rótulo

Parece que o “problema” do ator se deva ao fato dele ter aquele tipo de beleza padrão: alto, olhos claros, sorriso perfeito e corpo atlético. Todos esses atributos renderam a este paulista de Itararé papéis que destacam primeiro a aparência. Talvez seja esse o motivo pelo qual Carlos faça tanta questão de se aprimorar como ator. Há três anos sendo acompanhado pela diretora de teatro romena Mona Lazar, ele não se descuida de semanalmente passar com ela o texto de todos os personagens que interpreta. “Pena que agora não tenho mais tanto tempo de encontrá-la no Rio porque estou gravando muito em São Paulo”, lamenta o ator.

Casagrande está num ritmo eletrizante de trabalho. Ele grava seis dias por semana, de 25 a 30 cenas em, no mínimo, nove horas de trabalho diário. “Chego em casa tarde, apenas para decorar as falas do dia seguinte. Eu vivo e respiro novela”, suspira. Para o ator, tanto esforço tem uma recompensa. Após ter cursado durante quatro meses a Oficina de Atores da Globo em 1998, logo foi chamado para o folhetim “Malhação”, interpretando o insinuante professor de dança Juan. Daí em diante, não parou mais. Em apenas quatro anos de carreira, Casagrande conseguiu papéis de destaque em quase todas as produções que trabalhou.

Mas, na primeira, ainda estava devagar. Começou como o coadjuvante Joaquim Pedro de “Andando nas Nuvens”, de Euclydes Marinho, em 1999. No mesmo ano, participou da minissérie “Chiquinha Gonzaga” como o dançarino de maxixe Carlinhos. Em 2000, saiu da Globo e assinou contrato com a Record para protagonizar “Marcas da Paixão” e “Roda da Vida”. Entre uma novela e outra, Casagrande fez diversas participações em programas globais, como “Megatom”, “Zorra Total” e “Turma do Didi”.

Esses trabalhos na Globo fizeram com que o galã não perdesse o contato com a emissora e chegasse a ser convidado para fazer testes para o papel que acabou sendo do Thiago Lacerda em “Terra Nostra”, o italiano Matheu, par da bela Ana Paula Arósio. “Recentemente me chamaram de novo, mas eu estava no meio de uma novela na Record”, justifica.

Fim da hegemonia

Segundo Casagrande, a experiência como protagonista em outras emissoras – Record e SBT – tem lhe mostrado que a hegemonia da teledramaturgia global parece começar a ter candidatos a concorrentes, mesmo com a Record estando com o núcleo de telenovelas fechado temporariamente, o SBT recomeça a investir nesse tipo de produção. “O mercado precisa de competição. Isso é saudável. Só assim poderemos negociar cachês”, esbraveja.

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