Viagem ao passado e críticas ao teatro

Saudosismo pouco é bobagem. O encontro de cinco dos maiores nomes da dramaturgia brasileira para o lançamento do Caixa de Leituras – projeto que pretende lembrar a importância do Grande Teatro Tupi, no Rio de Janeiro – rendeu momentos de lembranças do passado e críticas ao teatro de hoje. Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Britto, Nathália Thimberg e Manoel Carlos (autor das várias peças e adaptações encenadas pela companhia na antiga TV Tupi, entre 1956 e 1965) advertem: não há mais peças para atores como eles.

"Sonhamos em montar uma peça juntos. A dificuldade é encontrar uma peça em que esse grupo consiga se juntar. Não é fácil não… Esse ano mesmo, eu, Fernanda e Ítalo pensamos. Mas depois não achamos a peça. Só se Manoel Carlos escrever uma pra gente", brincou Sérgio Britto com o amigo que hoje só escreve novelas.

Fernanda Montenegro concorda, mas responsabiliza também os atores. "Sabíamos do que estávamos falando na época. Tínhamos uma grande envergadura de dramaturgia, isso nos alimentava… Era outra formação", explica a atriz. "Acho que somos a última geração literária. Somos a última geração que realmente leu."

Críticas e saudosismo à parte, o grupo se reuniu na churrascaria Porcão, no Flamengo, para falar de um projeto que vai resgatar a memória do Grande Teatro Tupi, por onde passaram outros grandes nomes do teatro. A viagem ao passado vai começar com um ciclo de leituras no dia 16 de dezembro, no Teatro Nelson Rodrigues, no Conjunto Cultural da Caixa, no Rio. Com curadoria de Anna Vacchiano e patrocínio da Caixa Econômica Federal, serão lidas nove peças encenadas na época do teleteatro. O primeiro texto, O torniquete, de Pirandello, contará com a participação de Britto, Rossi e Fernanda. Já Nathalia Thimberg retoma o monólogo A voz humana, de Jean Cocteau. Além das leituras, há o projeto do livro e de um documentário sobre o Grande Teatro Tupi, que deverá ser lançado em 2006 quando se completam 50 anos da companhia.

A companhia, dirigida por Sérgio Britto, encenava peças de cerca de duas horas para a TV. E ao vivo inicialmente, pois ainda não havia o videotape. Eram clássicos da literatura e dramaturgia universais de autores como Tchekov, Ibsen, Goethe, Pirandello, Strindberg, Lorca e brasileiros como Nelson Rodrigues, José Alencar, Guarnieri, Vianinha, Machado de Assis e Maria Clara Machado.

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