Amparado pela invejável marca de 1,25 milhão de cópias vendidas do CD de estréia da banda Rouge, o “reality-show” Popstars volta à grade do SBT em julho. Na Sony, gravadora que tem contrato com as meninas para a produção de mais dois discos depois de “C?Est la Vie”, a expectativa é de mais um fenômeno. O mesmo acontece na produtora portenha RGB, responsável por trazer ao Brasil o formato.
Só na emissora de Sílvio Santos parece não haver motivos para grandes expectativas. A primeira edição de “Popstars” marcou média de 13 pontos no Ibope, apenas um a mais que o registrado anteriormente no horário. Desta vez, o SBT passou de co-produtor a mero exibidor do programa, que vai formar uma banda de garotos, mas o discurso da confiança no produto é o mesmo. “Pretendemos dar continuidade a uma fórmula já consagrada”, simplifica Alfonso Aurin, supervisor geral do projeto na emissora.
Além do fato de buscar talentos masculinos, nada muda na fórmula de Popstars 2. Serão 20 episódios, enfocando as inscrições, as avaliações de canto e dança, os testes de vídeo, os workshops e a seleção dos componentes do novo grupo, que devem ter entre 18 e 25 anos. “A base está nas histórias. E as histórias de meninos são diferentes: eles mostram mais emoções, são mais companheiros”, compara Elisabetta Zennatti, diretora geral da RGB e do programa. Mas outras diferenças já foram sentidas nas cerca de 1.500 inscrições recebidas em menos de uma semana. “O material é mais autoral que o das meninas. Os rapazes compõem, tocam, são mais completos”, destaca a diretora.
Formato indefinido
Assim como na primeira versão, os produtores garantem que não há como dizer que “cara” terá a banda e fazem questão de fugir do rótulo da “fabricação”. “Talvez esta versão resulte numa banda que não cante e dance, mas simplesmente toque”, exemplifica Alexandre Schiavo, vice-presidente artístico e de marketing da Sony Music. “Não dá para dizer se é rock ou ?boy band?. A gente se adapta aos talentos surgidos”, reforça Rick Bonadio, produtor responsável pelos trabalhos do Rouge, que espera contar com uma música das meninas para a abertura de “Popstars 2”.
A experiência da primeira versão é encarada como um selo de garantia. Em Popstars, Elisabetta passou por momentos de tensão antes da segunda eliminatória, quando 6,5 mil das 30 mil candidatas foram convocadas ao Sambódromo paulista. A seleção estava marcada para as 7 h, mas ela esperava encontrar uma multidão já por volta das 5:30 h, quando chegou ao local. “Vi umas 10 pessoas, tive vontade de morrer. Pensei: ?No Brasil é tudo diferente, não vai dar certo?”, lembra, aos risos. Agora, no entanto, o interesse dos candidatos é a última das preocupações. “Além do endosso do Rouge, há a seriedade demonstrada no processo de seleção”, lembra Rick.
Rigor
O rigoroso e amplo processo de seleção é encarado por Schiavo como um dos maiores fatores de sucesso do grupo. E foi exatamente o que o levou a brigar pelo projeto dentro da gravadora. “Só existem ?castings? deste tamanho em Hollywood ou na Broadway. Para uma gravadora, seria contraproducente”, reconhece. Em países como a Inglaterra, o contato com os candidatos do programa levou à formação de outros grupos, fato que ele acha difícil se repetir no Brasil. “O Rouge é um fenômeno num mercado em crise. Lançar qualquer nome requer muito investimento”, admite.
Num contexto como este, o acompanhamento da formação do grupo por um programa de tevê é considerado essencial para o resultado. “A identificação com a banda nasce do programa”, opina Elisabetta. Longe de temer a repercussão de um formato que não será mais novidade, os envolvidos apostam nas potencialidades do programa, mesmo depois de produzida uma versão feminina e outra masculina. “Só a forma como os candidatos são escolhidos não é mais novidade”, minimiza Alfonso. “Talvez o formato tenha de descansar um pouco depois da segunda edição. Mas, depois, podemos fazer uma banda mista, ou um grupo de crianças”, imagina Schiavo.