Quando o diretor James Wan assumiu a franquia Velozes e Furiosos, depois de ficar famoso com produções de terror de orçamento modesto, como Jogos Mortais (2004), Sobrenatural (2010) e Invocação do Mal (2013), parecia que seu principal desafio seriam as cenas de ação necessárias para um filme da série. “Todo o mundo pensou que a transição seria difícil por serem gêneros tão diferentes, mas fazer cinema é fazer cinema”, diz ele, num trailer estacionado no Dodgers Stadium, em Los Angeles. “Nesse caso, o principal era me esforçar por causa do nível das cenas de ação de Velozes 5 e Velozes 6. Queria fazer coisas que ninguém nunca tivesse visto antes.”

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O orçamento bem mais generoso tornou possível bolar “quase tudo o que desse para inventar”, inclusive carros “se jogando” de aviões ou atravessando prédios, assim mesmo, no plural. Foi a mesma coisa nas cenas de luta. Para isso, ele contou com um especialista: Jason Statham, que apareceu numa cena do filme anterior e, agora, persegue a turma de Don (Vin Diesel), Brian (Paul Walker), Letty (Michelle Rodriguez) e Hobbs (Dwayne Johnson) para vingar seu irmão mais novo (Luke Evans), que está em coma no hospital. Statham, que gosta de fazer suas próprias cenas, dispensando quase sempre os dublês, enfrenta Vin Diesel e Dwayne Johnson no mano a mano. Dá para dizer que é do jeito que Statham gosta, sem aquela coisa de ator passando rapidinho na frente da câmera para o espectador não conseguir enxergar os golpes.

Claro que nenhuma dificuldade se compara com a morte de Paul Walker, um dos protagonistas de Velozes e Furiosos desde seu início, no meio das filmagens, em novembro de 2013, num acidente de carro nos arredores de Los Angeles. “Foi algo inédito. Quando aconteceu, fiquei tão chocado e depois tão triste. Nem dava para pensar no filme. A produção tinha tido sua cota de desafios até aquele momento, mas o que aconteceu me destruiu”, disse Wan. Naquele 2013, nem ele nem sua equipe tiveram folga de Natal e Ano Novo. Juntos, analisaram cada cena filmada até então, bem como sobras dos dois longas-metragens anteriores da série. Então, criaram um novo final e cenas que encaminhassem a trama naquela nova direção. Além de tomadas não aproveitadas, os dois irmãos de Paul, Caleb e Cody, serviram como dublês de corpo em alguns momentos, tendo seus rostos retrabalhados digitalmente pela WETA, empresa de efeitos visuais criada por Peter Jackson.

Voltar ao set foi doloroso para todos. Michelle Rodriguez, que está na franquia desde a primeira produção, de 2001, admitiu que nenhuma cena, por mais desafiadora, se compara a retornar ao trabalho depois de perder um amigo de tantos anos. “Mas é maluco, as pessoas são muito resistentes.” Para ela, Walker acabou servindo como ponto de união. “Fico impressionada como ele sempre pode trazer à tona o melhor das pessoas”, afirmou. “Todos nós, juntos, conseguimos pegar algo negativo e trágico e transformar em magia.”

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James Wan ficou assombrado pela expectativa de ter de fazer cara de corajoso e dar apoio a seu elenco e sua equipe. “Mas sabia que tinha de ser feito. Não apenas porque o filme vai ganhar dinheiro, mas para honrar Paul, suas memórias, seu legado”, disse o diretor. “Espero que os fãs sintam que fizemos bem nosso trabalho.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.