João Gilberto não quer esperar mais. Aos 82 anos, decidiu remasterizar como bem entender e recolocar no mercado o quanto antes seus discos Chega de Saudade (1959), O Amor, o Sorriso e a Flor (1960) e João Gilberto (1961), além de João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval (1961). Todos eles estão no centro de uma disputa judicial envolvendo o artista e sua gravadora, a EMI, desde os anos 80.
João acusava a gravadora de ter sumido com suas gravações originais e sucateado sua obra, mas um laudo técnico elaborado a pedido da Justiça pelo produtor Marco Mazzola mostrou nesta semana que as gravações são mesmo originais, que as fitas não se deterioraram com o tempo e que não foram adulteradas. Em matéria publicada no dia 24 de julho, o jormal “O Estado de S.Paulo” antecipou que as primeiras conclusões técnicas absolviam a gravadora de adulteração do material.
Embora o processo não tenha chegado ao fim, João já providencia, segundos seus representantes, o relançamento de seus discos, que não foram mais para o mercado desde o fim dos anos 80, quando a briga começou. Os três álbuns formam aquilo que é conhecido como a ‘santíssima trindade’ durante o processo de formação da bossa nova, no início dos anos 60. Diante da notícia, a gravadora EMI faz um alerta:
“Se eles fizerem isso (lançarem o material), estarão tomando uma decisão provisória da Justiça como decisão definitiva. E aí vão ter de pagar indenizações para a gravadora”, diz Raphael Miranda, advogado da companhia. Flávio Galdino, advogado de João, rebate: “E vamos fazer o quê? Esperar o João Gilberto morrer para depois psicografarmos a forma como ele quer lançar seus discos? João quer dedicar seus últimos anos de vida à sua obra, quer deixá-la intacta para a posteridade da forma que a cultura brasileira merece, não da forma sucateada como a EMI permitiu que ficasse.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.