Utilizar a internet só para troca de e-mails ou ler as notícias do jornalismo impresso é coisa do passado. Aos poucos, a rede mundial de computadores está virando um meio de se assistir a imagens em movimento, o que aproxima a Internet da televisão.
Tanto é que várias emissoras já disponibilizam alguns programas ao vivo pela rede -desde o “Jornal Nacional”, da Globo, até o “Vitrine”, da TV Cultura – ou até mesmo toda a programação, como a Rede TV!. Mas além da transposição do modelo televisivo para a web, já existe a produção específica de programas, como nos casos dos servidores Uol, Ig e Terra.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, por exemplo, há três anos comanda o Uol News, televisão na Internet com aproximadamente 6 milhões de visitas por mês, o maior índice do país. “Estamos montando uma mini-estação televisiva, com programação, câmaras na rua, repórteres e programas diversos, como o ?Monkey Show?, em que José Simão faz inusitadas análises políticas”, ressalta Paulo Henrique.
A experiência mais inovadora é desenvolvida pela Alltv, que está no ar há quase um ano e com acesso gratuito. Comandada pelo jornalista Alberto Luchetti, é uma emissora totalmente voltada à internet e recebe uma média de 15 milhões de visitantes por mês. A empresa investiu US$ 2 milhões para montar a estrutura.
Atualmente, a Alltv tem 120 funcionários e uma programação que vai desde os telejornalísticos – os mais procurados -até programas de culinária, esporte e turismo. Com a receita vinda dos anúncios bancados por empresas como Bradesco, Nestlé e Banco do Brasil, a Alltv tem 80% do público entre 16 e 34 anos e estratificado nas classes A e B. “Nós fazemos tevê na Internet. Usar a rede para exibir material da tevê qualquer um pode fazer”, desdenha Luchetti.
Caminho inverso
Na verdade, a Globo.com está fazendo o caminho inverso ao da Alltv: disponibilizar o material da emissora para o site. Lançado em 2000, o objetivo era representar a Globo na internet. Desde que estreou, pulou da 10ª colocação para o terceiro site mais visto, com 4,6 mi de visitantes por mês.
Em janeiro deste ano, a Globo.com lançou o Globo Mídia Center, dedicado totalmente para os vídeos globais, e já conta com 50 mil assinantes. A plataforma tem três objetivos: mostrar programas ao vivo esporadicamente, como o “Big Brother Brasil”, exibir 24 horas ao vivo o canal por assinatura Globonews e disponibilizar o acervo da Globo. Desde cenas de novelas antigas, como “Escrava Isaura”, até reportagens relevantes, como a queda do Muro de Berlim, e fatos históricos, como a chegada do homem à Lua. Ao todo, o site já tem 100 mil vídeos globais disponíveis. “O importante para nós é reaproveitar o material da Globo. Por isso, produzir só para a Internet não está nos planos”, assegura Frederico Monteiro, diretor de marketing da Globo.com.
Gratuito
Já a Rede TV! foi a primeira a disponibilizar a sua programação on-line e gratuitamente. Atualmente a emissora recebe 40 milhões de visitas mensais em seu site. Além de mostrar o que está sendo transmitido, a Rede TV! incluiu câmaras nos estúdios A e B da emissora. Através delas, o internauta acompanha as gravações de programas ou os cenários sendo montados. “Pensamos em fazer uma programação só para a internet, mas vamos esperar as tecnologias evoluírem e a banda larga se popularizar”, pondera Ilton Casarotti, gerente de informática da Rede TV!. Na verdade, apenas uma parcela dos 10 milhões de internautas no Brasil têm acesso à banda larga. Este é o principal obstáculo para que seja possível ver imagens em movimento com a mesma qualidade televisiva e o mercado publicitário também evoluir na rede.
Por enquanto, a publicidade na Internet se limita a pequenos banners e janelas mínimas, que não se comparam a qualidade da propaganda na tevê. “Só agora os publicitários estão sendo chamados para bolar anúncios dirigidos para a internet. Até então, qualquer um achava que podia fazer este trabalho”, afirma o publicitário Lula Vieira, sócio da agência VS Escala.
