Após quase dois anos de concepção surge o primeiro CD da compositora mato-grossense Vanessa da Mata, de que, Maria Bethânia havia gravado A Força Que Nunca Seca, uma parceria com Chico César. Outra baiana, Daniela Mercury, já havia navegado por esses rios, gravando Viagem e Aonde Ir.
Em lançamento pela Sony Music, o álbum conta com o violonista Swamy Jr. e produção conjunta de Liminha, Jaques Morelenbaum, Luiz Brasil, Dadi e Kassin. Segundo o crítico Tárik de Souza, Vanessa da Mata é “uma força da natureza à prova de rótulos e molduras estéticas, que traz para a MPB uma rajada de intuição fresca e desestruturada”.
Mato-grossense de Alto Garças, cidade que não tem nem dez mil habitantes, Vanessa tem 26 anos e quase 300 composições. “Compus até em fitinha de secretária eletrônica”, exemplifica sua compulsão. Deve ser pela encruzilhada geográfica, pois tem avó baiana descendente de índios e negros, indo morar em Minas aos 15 anos de idade. E das viagens dos tios pela Amazônia ganha de recuerdo discos de carimbó. Realmente, foi muita força da natureza ao redor de uma inauguração feminina.
Mas sua voz também vem agradando, tanto que conquistou Baden Powel (fizeram shows juntos três meses antes de sua morte) e o congolês Iokua Kanza, com quem compôs a faixa Eu Não Tenho, presente no disco.
Fã de Assis Valente (baiano também em vida), Vanessa da Mata incluiu o samba Alegria em seu CD, mas todas as outras músicas são dela mesma. Sua versatilidade e inesperadas inspirações são notáveis.