Um dos escritores mais reconhecidos no Paraná, Valêncio Xavier faleceu ontem pela manhã, às 11 horas, no Hospital São Lucas, em Curitiba. Segundo informações de amigos próximos, Xavier estava internado há três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do local, vítima de complicações por conta do mal de Alzheimer. Ele tinha 75 anos. O corpo está sendo velado na capela Rubi do Crematório Vaticano, ao lado do Cemitério São Francisco de Paula (Municipal), na capital.

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A família decidiu cremar o corpo do escritor, cujo falecimento mexeu com diversas áreas do conhecimento do Paraná, e não somente a literatura. Em Curitiba, muitas pessoas lamentaram sua morte, como a professora do mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marta Morais da Costa.

Marta trabalhou a obra de Xavier durante três anos com seus alunos do mestrado e dourado e hoje continua tendo como base os textos do escritor nas aulas da graduação e especialização.

Ela afirmou que a obra de Xavier foi um “divisor de águas”, na medida em que transgrediu conceitos e dialogou com outras manifestações artísticas, como o cinema, por exemplo.

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“A obra dele é inovadora, dá margem a uma discussão enriquecedora sobre o que é o texto literário. Ele saía dos limites, transgredia. Posso falar com certeza que ele é bastante reconhecido e sua morte foi uma grande perda para todos nós”, disse a professora.

O jurista René Ariel Dotti, que faz parte da Academia Paranaense de Letras, disse que Xavier sempre foi uma pessoa que inspirou confiança, sendo escolhido por ele para dirigir o Museu da Imagem e do Som (MIS) na década de 80 – quando Dotti foi secretário de estado.

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Para o jurista, Xavier foi muito mais que um escritor. “Ele mexia com as águas paradas, se envolvia fortemente com tudo que fazia. Sua obra foi de resistência à monotonia, ao conformismo, à burocracia”, analisou Dotti.

Valêncio Xavier Niculitcheff nasceu em São Paulo, em 1933, mas morava em Curitiba desde 1954. Era casado com Luci e deixou dois filhos, Ana Cristina e Carlos, além da única neta de apenas nove meses, Laila. Entre seus livros mais conhecidos estão o Mez da grippe, de 1981. Além de escritor, ele também foi consultor de imagem em cinema e roteirista e diretor de TV.

Recebeu o prêmio de Melhor Filme de Ficção na 9.ª Jornada Brasileira de Curta Metragem, com o Caro Signore Feline, de 1980. Dirigiu, entre outros vídeos, O pão negro – um episódio da Colônia Cecília, de 1993, Os 11 de Curitiba e Todos nós. Escreveu várias narrativas em jornais e revistas (como Nicolau, Revista USP, o caderno Mais! da Folha de São Paulo, e na Gazeta do Povo).

Xavier também escreveu Meu 7.º dia (1998), Minha mãe morrendo e o menino mentido (2001) e os contos Minha história dele (1998) e Meu nome é José, na coletânea A alegria (2002).

Também traduziu Conversa na Sicília, de Elio Vittorini (2002). Xavier trabalhou na Rede Paranaense de Televisão (RPC) e na TV Paraná (da rede Tupi). Sofria de Alzheimer desde 2002.