Depois do fim da 1ª Guerra Mundial, em 1918, e a consequente devastação da Europa, os Estados Unidos se tornaram o único país em condições de produzir filmes. Antes, porém, Itália e Alemanha já haviam deixado sua marca em grandes películas feitas na época do cinema mudo. Justamente por conta da guerra, é mais difícil hoje encontrar a produção cinematográfica dos países europeus, enquanto abundam filmes americanos. Carlos Roberto de Souza, curador da V Jornada do Cinema Silencioso, que será realizada de amanhã até 14 de agosto, na Cinemateca Brasileira e no Auditório Ibirapuera, selecionou para este ano filmes da Itália e do Brasil, dois franceses e dois alemães.
“É uma preciosidade, tanto em termos de curtas, como de longas-metragens”, diz. “Notadamente, neste ano não teremos nenhum filme americano”, completa. Ao todo, serão exibidos 57 filmes em 22 sessões musicadas. A Itália é a grande homenageada, com filmes produzidos na década 10. A abertura do evento será feita pelo curador do acervo cinematográfico do Museu Nazionale Del Cinema de Turim, Luca Giuliani, que falará sobre a preservação dos cinema mudo italiano.
A Jornada também homenageará o italiano Gilberto Rossi, que há 100 anos imigrou para o Brasil. De sua produtora, Rossi Film, saíram centenas de documentários e cinejornais. Entre os filmes de ficção produzidos por ele está “Fragmentos da Vida” (1929), cuja exibição será acompanhada pela bisneta de Rossi, a pianista erudita Anna Claudia Agazzi. A sessão será realizada na quinta-feira, dia 11, na sala BNDES da Cinemateca.
Outros dois filmes também merecem destaque por sua temática política. O primeiro é o longa “Garras de Ouro”, realizado na Colômbia, em 1926, que enfoca a disputa entre Estados Unidos e Colômbia, em 1903, pelo território do Panamá. Este é considerado um dos primeiros filmes anti-imperialistas feitos na América Latina. A película mostra que os Estados Unidos estariam roubando o território para a construção do canal. “Garras de Ouro” será exibido no domingo, dia 14, às 18h, na sala Petrobras, da Cinemateca. O outro destaque é o alemão “A Viagem da Mãe Krause até a Felicidade”, que será exibido às 19h, sexta-feira, na sala BNDES da Cinemateca, e no sábado, às 18h, na sala Petrobras. O longa, ligado ao Partido Comunista de Berlim, conta a história de uma mulher integrante do proletariado alemão.
Dos filmes brasileiros, além dos títulos de Gilberto Rossi, se destaca também o longa “Azas Italianas Sob os Céos do Brasil”, de Ottorino Pietras, filmado no País, em 1931. No enredo, a esquadrilha fascista, do ministro Italo Balbo, é recebida pelo presidente Getúlio Vargas em Botafogo, no Rio. Outro destaque é “O Príncipe Herdeiro da Itália em Terras do Brasil”, de A. Botelho Film, de 1924. O filme mostra o encouraçado São Paulo chegando à Bahia para receber Umberto II de Savoia, o último rei da Itália.
A curadoria musical da mostra ficou a cargo do compositor Livio Tragtenberg. Entre as bandas e músicos convidados do evento, estão Violeta de Outono, Coração Quiáltera, Jazz Sinfônica de Diadema, Max de Castro, Quinteto de Sopro Nino Rota, Laércio de Freitas e Fabio Tagliaferri. As informações são do Jornal da Tarde.
V Jornada Brasileira de Cinema Silencioso – De 5 a 14 de agosto. Cinemateca (Salas BNDES e Petrobras). Largo Senador Raul Cardoso, 207. Vila Clementino (Próx. à Estação Vila Mariana do Metrô). Grátis.
www.cinemateca.gov.br/jornada.
Exibição ao ar livre de “Os Últimos Dias de Pompeia” – Com acompanhamento musical da Banda Jazz Sinfônica de Diadema, regida pelo maestro Todd Murphy. Dia 6 de agosto, às 20h, no Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº. Portão 3. Grátis. www.auditorioibirapuera.com.br