Usando as lições do passado

Para compor a professora Letícia, do “folheteen” “Malhação”, Joana Limaverde recorreu a velhas lembranças. Neta de professores, a atriz gostava de brincar no colégio que pertencia ao avô paterno, e chegou a dar aulas de Português, Geografia e História para crianças ao terminar o segundo grau.

“Sempre gostei de conversar com meus professores. Se não fosse atriz, talvez eu fosse professora. Gosto muito do universo acadêmico”, conta, animada por voltar à escola na ficção.

Nos próximos capítulos, Letícia ganha mais espaço na trama, pois começa a se envolver com o professor de capoeira Marcão, interpretado por Carlos Bonow. Antes de caírem de amores um pelo outro, porém, a professora “caretinha” e o musculoso capoeirista vão brigar muito. “São dois mundos completamente diferentes”, explica Joana, lembrando que a idéia é construir uma relação no estilo Catarina e Petruchio, personagens de Shakespeare já lembrados na recente novela das seis “O Cravo e a Rosa”. Apesar do lado intelectual de Letícia, Joana tenta imprimir jovialidade à personagem. “Ela é só um pouco mais velha que os alunos. Ficaria falso manter uma distância e uma pose em relação a eles”, justifica.

Com dez anos de carreira, a atriz de 26 anos acredita que vive um momento importante na profissão e não dá bola para o preconceito de alguns veteranos com “Malhação”, fato que levou o autor Carlos Lombardi a ter problemas com a escalação do elenco quando assumiu o programa, em 1997. “Alguns veteranos não têm paciência de contracenar com quem ainda precisa aprender a se posicionar frente às câmaras e a decorar um texto”, justifica Joana, referindo-se ao grande número de iniciantes no seriado. A atriz confia na qualidade do produto final, elogia a direção cuidadosa de Ricardo Waddington e Edson Spinello e destaca a repercussão do programa junto ao público jovem. O que mais a empolga, no entanto, é a possibilidade de continuar na emissora.

Desde criança

A vocação da bela morena de olhos verdes para o estrelato não demorou a aparecer. Filha do cantor Ednardo, autor do sucesso “Pavão Misterioso”, ela aproveitava os shows do pai para dar os primeiros passos sobre o palco. “Com quatro anos de idade, se minha mãe se descuidasse eu já estava no palco, cantando e dançando, animadíssima”, lembra, orgulhosa.

Aos 16 anos, ela entrou para um curso de teatro na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro. Daí em diante, não parou mais. Fez a Oficina de Atores da Globo e, depois de alguns comerciais, foi descoberta pelo diretor Walter Avancini, que a convidou para “Tocaia Grande”, da extinta Manchete. Após mais duas novelas na emissora, foi para o SBT, onde participou de diversos teleteatros. Depois, protagonizou “Estrela de Fogo”, na Record. Na Globo, fez uma pequena participação em “Vila Madalena” antes de emendar “Uga Uga”, “O Quinto dos Infernos” e “Malhação”. A passagem por tantas emissoras não foi exatamente uma opção. “A gente não escolhe estas coisas. Os produtores e os autores é que escolhem a gente”, analisa, preocupada com a instabilidade da profissão.

Dona de lábios carnudos e de um rosto marcante, Joana não acredita que a beleza tenha sido fundamental em sua carreira. “Para a tevê, às vezes a questão estética é até mais importante que o talento, mas eu nunca fiz a princesinha bonitinha”, defende-se. A atriz se orgulha ainda de ter mostrado versatilidade ao convencer interpretando uma prostituta, uma cangaceira, uma peoa e agora uma comportada professora. “Essa variedade, na televisão, é uma dádiva”, gaba-se.

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