Um presidente acuado pela opinião pública e assombrado pela delação de aliados diz ao país em rede nacional (e com o dedo em riste) que não vai desistir.
Massacrado nos programas políticos da TV e alvo de protestos de rua, o chefe do executivo assiste à oposição no Congresso pedir uma investigação que tem tudo para culminar em impeachment, mas ele se agarra ao cargo.
O primeiro impulso de quem já mergulhou de cabeça na quinta temporada de House of Cards, que chegou na terça, 30, à Netflix, é buscar elementos de comparação entre a ficção na Casa Branca e a narrativa surreal do noticiário em Brasília. O departamento de marketing do canal de streaming já vinha explorando os paralelos. Uma ideia oportuna, diga-se.
Em um vídeo promocional postado nas redes sociais, o assessor Doug Stamper, homem de confiança de Frank Underwood, enviou uma mensagem especial e enigmática aos fãs brasileiros da série: “Povo brasileiro, isso não é uma competição. Vocês nunca sabem de onde as pessoas podem tirar inspirações. Fiquem atentos”.
No transcorrer dos 13 novos episódios, porém, Washington se afasta de Brasília. Por mais tentador que seja comparar a saga de Frank com a descida ao inferno de Michel Temer, é Donal Trump que está servindo de inspiração.
Não por acaso, a quinta temporada se desenrola a partir da última frase do derradeiro episódio da quarta: “Nós não vamos nos submeter ao terror. Nós o criamos”.
No momento que porta-aviões norte-americanos se aproximam da Coreia do Norte, Frank aposta todas as suas fichas em uma guerra contra o terror para desviar a atenção da imprensa. Em paralelo, atua com habitual truculência nos bastidores da disputa eleitoral que se avizinha.
Juntos, Frank e Claire exalam determinação e engajamento na causa que une o casal: poder.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.