Ele foi comprado já no final do inverno, no Canadá. Ah! ela se encantara, apesar de sua companheira de excursão perguntar com um certo espanto se ela iria mesmo usá-lo! O preço fora de liquidação de final de inverno.
Este tipo de casaco é bastante usado em países muito frios, mas aqui no Brasil, não. Ainda mais em Curitiba…
O dito não coube na mala e foi carregado nas mãos mesmo… Sim, e daí? A viagem de volta iria ser de avião …
Passado um tempo, já em Curitiba, morando no bairro do Juvevê, ela foi de ônibus até próximo ao Teatro Guaíra. Era uma noite bastante fria, mas os passageiros riam à socapa: o tal casaco tinha uma gola de pele de raposa, enorme. (Coitada da raposa). Logo ao descer do ônibus, ela percebeu que um carro passou a segui-la. Rapidamente ela postou-se bem próxima à porta de entrada do teatro, à espera da amiga, mas o motorista daquele carro estacionou bem defronte e se encaminhou ao seu encontro. Sem saber como enfrentar aquela situação, ela correu a esconder-se no guichê, pra susto do funcionário que estava vendendo ingressos…
Alguns anos se passaram. Num dia claro de verão (óbvio que ela estava sem o casaco, mas ele dirigia o mesmo carro), tiveram um encontro casual. Olharam-se, reconheceram-se e deram risada da própria idiotice!
Margarida Wasserman é escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.