Uma guerra ilegítima

O pacifista inglês Milan Rai, membro da Active Resistence to the Roots of War, dá dez razões para afirmar que a guerra ao Iraque é ilegítima e faz um exame das políticas adotadas pelos EUA e a Grã-Bretanha em relação ao país de Saddam nos últimos doze anos. Sua análise está em Iraque: plano de guerra (Editora Bertrand Brasil, 392 páginas), que inclui reflexões recentes de Noam Chomsky, uma referência moral de nossos tempos.

“Traduzir este livro não foi apenas um trabalho, um ato profissional, mas uma tentativa de ajudar, contribuir, resistir”, escreve o tradutor Luiz Antônio Aguiar, o que qualifica ainda mais a obra como um dos documentos mais importantes contra a guerra e pretende ser uma contribuição à tarefa de combater a propaganda oficial e restabelecer a verdade, encoberta pelos equívocos propagados pelos governos aliados e pela mídia.

Segundo o autor, os britânicos e os norte-americanos foram alvo de uma gigantesca campanha publicitária para gerar uma febre favorável ao movimento contra o Iraque. O presidente George W. Bush e o primeiro-ministro Tony Blair usaram o sofrimento advindo do 11 de setembro como uma justificativa para deflagrar a guerra. “Esta é a razão por que este livro traz o depoimento de parentes das vítimas do ataque terrorista, que se pronunciaram pedindo justiça em vez de vingança”, diz Rai.

Milan Rai fornece informações que dissecam a propaganda oficial, provando a ilegitimidade do conflito; fornece evidências de que os EUA rejeitaram uma proposta do Talibã de extraditar Osama bin Laden; revela que o país de Bush participou ativamente da implosão da primeira agência de inspeção de armas da ONU, a Unscom, em 1988; e, no decorrer de 2002, fez o que pôde para sabotar a nova agência; a Unmovic. Rai afirma que, se Saddam for deposto, seu regime de governo não será alterado: “Os Estados Unidos pretendem impor um outro general sunita”.

Enfim, as dez razões que explicam a ilegitimidade da guerra deflagrada contra o Oriente: 1. A ameaça fantasma: não há provas de que o Iraque esteja fabricando ou tenha adquirido armas de destruição em massa; 2. O monstro não é nada do que se pinta: não existe ligação entre o Iraque e o 11 de setembro; 2. Clonando Saddam: não se trata de uma guerra pela democracia; 4. Catástrofe: a guerra pode desencadear um desastre humanitário; 5. Paraíso inseguro: a guerra pode destruir o Curdistão iraquiano; 6. Um grande crime: a guerra é ilegal; 7. Círculo de ódio: os vizinhos do Iraque se opõem à guerra e temem suas conseqüências; 8. O soldado diz não: generais em ambos os lados do Atlântico se opõem à guerra; 9. Sem representatividade: a maioria do povo britânico é contrária ao conflito; 10. A estupidez econômica: a guerra pode desencadear uma recessão mundial.

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