Uma aula sobre a sociedade brasileira

A formação do espaço urbano brasileiro é o ponto inicial da pesquisa da qual surgiu o espetáculo Hygiene, do Grupo XIX de Teatro, de São Paulo. A montagem integra a Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba e será apresentada na Casa Vermelha, no Largo da Ordem.

A escolha do espaço para as apresentações não foi ao acaso. O casario da região mais antiga da cidade tem todas as condições necessárias para contextualizar a viagem histórica proposta pelo espetáculo. Segundo o diretor, Luiz Fernando Marques, é possível mostrar a história não oficial do Brasil, entender os processos estabelecidos e as conseqüências das mudanças ocorridas na época. ?O público identifica nos personagens de época, facetas que caracterizam o atual povo brasileiro?, disse.

O povo a que o diretor se refere é representado no espetáculo pelos moradores de um cortiço. Para urbanizar as áreas centrais das cidades, o que era espaço residencial deu lugar aos complexos administrativos do estado e do comércio.

O espetáculo apresenta a vida de diferentes famílias que viviam nestes cortiços e que foram obrigadas a deixar suas casas em nome do progresso. A cidade apresentada pelo Grupo XIX de Teatro é o Rio de Janeiro, mas reflete o processo de urbanização ocorrido em quase todas as grandes cidades do país.

Grupo XIX de Teatro

A pesquisa histórica ? sem caráter didático ? é uma das principais características do Grupo XIX de Teatro. O nome da companhia é uma homenagem ao período da História do Brasil, considerado por eles, como um dos mais relevantes nas mudanças sócio-econômicas do país.

Segundo Renato Bolelli, um dos dramaturgos do grupo, foi neste período que ocorreu a formação do comportamento e da sociedade brasileira. ?No Brasil temos religiões, etnias e opiniões interagindo sem conflito. São diferenças a cada esquina. A intenção do grupo não é julgar o valor dessa cultura, mas provocar a reflexão do público sobre as pessoas no espaço onde vivem?, falou. Ele conta ainda que para formar os espetáculos, o grupo consulta fontes que, normalmente, não são buscadas, como jornais e entrevistas com moradores.

Outras vertentes

A montagem segue a perspectiva de Hysteria, espetáculo de destaque da companhia em 2002 e que, neste Festival, está na grade do Fringe. Em cena, cinco personagens estão nas dependências de um hospício feminino. Na montagem abdica-se de elementos tradicionais como palco, sonoplastia e iluminação. A platéia masculina é separada da feminina, que é convidada a interagir com as atrizes como se estivessem presentes também no manicômio. O espetáculo ocupa não só o teatro, mas o espaço onde se situa.

No caso de Hygiene, a Casa Vermelha será ocupada ? em um primeiro momento ? do lado de fora, no Largo da Ordem. O espetáculo segue com o convite ao público pagante, identificado por etiquetas, para entrar no teatro.

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