‘Um Time Show de Bola’ é baseado em conto argentino

“Metegol” é como se chama o pebolim na Argentina. É também o título do desenho animado de Juan José Campanella (de O Segredo dos seus Olhos), que no Brasil ficou sendo “Um Time Show de Bola”. A animação estreia nesta sexta-feira, 29, em 500 salas brasileiras, o que é um feito e tanto para um filme do gênero não oriundo dos estúdios da Disney ou da Pixar.

A ideia de Campanella tem origem no conto “Memorias de un Wing Derecho”, do livro “El Mundo Ha Vivido Equivocado”, de Roberto Fontanarrosa (1944-2007). Fontanarrosa foi quadrinista e escritor muito interessado em futebol. No livro mencionado, existem vários outros relatos tendo como protagonistas personagens do jogo da bola, como “Lo que se Dice un Idolo” e “Lo que se Dice Jugador al Fulbo”. São relatos deliciosos, cheios de ginga, malícia e gíria portenha. Situam-se à altura da importância que o povo argentino dá ao futebol, particularidade que o aproxima de nós.

O que distingue “Memorias de un Wing Derecho” dos outros relatos futebolísticos de Fontanarrosa é que ele é narrado por um jogador muito peculiar. Ao ler o conto, ficamos espantados com algumas das opiniões emitidas pelo personagem logo de início. Ele não aprecia muito se deslocar em campo. É um ponta-direita tradicional, daqueles que só gostam de jogar junto à linha lateral, do meio de campo para a frente. Nada de ir e vir, ou cair para o meio, ou ajudar na marcação. Sem essas modernidades. Ele é atacante e, o sendo, contabiliza mais de 12 mil gols marcados. Sim, 12 mil! Fora os incontáveis que proporcionou ao centroavante. Por isso desdenha das marcas de Maradona e mesmo da de Pelé, tida como inatingível. Neste ponto do relato já começamos a desconfiar que o nosso “atleta” é alguém de muito particular.

E é justamente essa característica que serve de ponto de partida a “Campanella”. Na verdade, a animação começa com seu protagonista “humano”, um jovem chamado “Amadeo”, que é o melhor jogador de pebolim do mundo.

Bem, no caso do mundo resumir-se à cidadezinha onde vive. Lá ele é desafiado e vence um garoto de má catadura, destinado a tornar-se o melhor jogador de futebol do planeta, o “Colosso”. Coberto de glórias e poder, o “Colosso” não pode esquecer a única derrota de sua vida, justamente aquela partida de pebolim contra “Amadeo”. E volta para se vingar e despejar sua ira sobre a cidade e sobre a namorada de “Amadeo”, agora já um jovem.

A animação com bonecos é bem-feita e elege as crianças como seu público-alvo. Daí as cópias serem lançadas com dublagem, quando em idioma original seriam possivelmente mais saborosas para o público adulto.

Este é contemplado em algumas passagens, como o início que cita o Stanley Kubrick de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Na ficção científica de Kubrick, o osso lançado pelo macaco para o alto transforma-se em nave espacial, naquela que talvez seja a maior e mais famosa elipse do cinema. Em “Um Time Show de Bola”, transforma-se… Bem, é melhor ver o filme e conferir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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