Um show para se guardar na memória

Até a terceira canção do catártico show do Los Hermanos, sexta-feira no Cine Música Bar, o som da guitarra de Rodrigo Amarante, o Ruivo, teve problemas. A partir da quarta, foi a vez de a iluminação falhar, o que deixou tensos técnicos e produtores. Mas dá para dar um desconto: foi o primeiro show da turnê do disco Ventura, e erros acontecem.

Nem mesmo a “morte” de outra guitarra, a de Marcelo Camelo, abalou o entusiasmo das 700 pessoas que foram ao Cine ver os ídolos barbudos, profetas de um novo som. Todos os ingressos vendidos para um público jovem e saudável. Alguns menores de idade. Silvia Lúcia foi prestigiar os cariocas, acompanhando as duas filhas de 16 e 18 anos. “A senhora viria mesmo que não fosse para garantir a entrada da menor?” “Viria sim. Eu gosto muito da banda!”. E de fato, dona Silvia cantou boa parte das vinte e duas canções do show, a maioria do novo CD, como havia adiantado Amarante ao Almanaque.

O Vencedor deu início ao show e à surpresa do tecladista Bruno, do baterista Barba, do baixista Bubu e dos metais requintados. Camelo de camisa branca e sua calça jeans. Ruivo não mostrou o novo modelo de camiseta, e com o jacaré no peito e a boca aberta, parecia não acreditar na quantidade de fãs que cantavam as canções de um CD recém-lançado: “O que está acontecendo aqui? O que é isso?”, perguntava o músico entusiasmado.

Os fãs fazem gestos, tentam conversar com o vocalista, apavoram-se ao perder a câmera fotográfica, esquecendo que guardar na memória é mais profundo que a reprodução em papel. Os Hermanos tocaram boa parte das quinze faixas do Ventura. Do Bloco do eu sozinho, vieram Sentimental, Cadê teu suin-?, A Flor, Adeus Você e Fingi na hora rir. Do primeiro disco, as constantes Quem sabe e Tenha dó, além de Azedume, pedida em coro: “Essa é a única concessão que vamos fazer”, disse Camelo à platéia que ouviu atentamente a versão de A Palo Seco, de Belchior, e ainda aderiu ao ritual da chuva de confete em Todo o carnaval tem seu fim, outra do segundo CD. O fim do show veio com a emocionante De onde vem a calma e Camelo se superando nos vocais. O Los Hermanos deve voltar a Curitiba no final da turnê. Provavelmente, num show mais calmo. Mas nem por isso, menos humano.

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