Cézanne: A tentação
de Santo Antônio, 1875.

A National Gallery, de Washington, está apresentando uma megaexposição – 167 trabalhos – das obras de Paul Cézanne realizadas na Provence Francesa, onde ele nasceu, trabalhou e morreu. É quase um lugar comum dizer que Paul Cézanne (1839-1906) é o pai da pintura moderna. Trata-se de um exagero. Ele é o pai do Cubismo. Influenciou o Abstracionismo, ao ordenar os planos através dos volumes cromáticos. Deu sensações de densidade e peso nos objetos pela cor, com pinceladas lisas que recriavam a natureza dentro de um geometrismo. Unificando volume e espaço. Ou seja: desenhando com as cores.

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Era um obcecado. Filho de um banqueiro, viveu entre sua Aix-en-Provence, tendo pintado 60 quadros sobre a mesma Montanha de Santa Vitória, de sua terra natal.

Arredio, esquizotímico, amigo de Émile Zola, discípulo de Coubert, dizia que o artista "é um mero gravador de percepções sensoriais" e que poderia revolucionar a pintura apenas com uma maçã. De fato, suas naturezas são grandiosas pela espontaneidade dos tons. Com o tempo, sua pintura foi sendo simplificada ao ponto de ser reduzida a limites geométricos, quase cubistas, conseguindo efeito de perspectiva apenas pelo uso da cor.

Paul Cézanne custou a ser reconhecido pelo grande mundo de Paris. Quase nada vendeu em vida. Mas um de seus tantos quadros sobre a Montanha de Santa Vitória foi vendido, recentemente, por mais de 30 milhões de dólares, no leilão da Casa Philips, nos Estados Unidos.

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Em suas últimas obras, criou sistemas mais livres de pintar, anulando as três dimensões em telas planas, bidimensionais. Tentando uma arte sólida e duradoura, dizia que só às vésperas da morte conseguia deslumbrar a terra prometida. Mas se perguntando: por que tão tarde e com tanta dificuldade?

Como Van Gogh, sempre gostou de pintar ao ar livre, onde assombra com as contraposições da luz sobre o terreno. Foi de uma simplicidade encantadora, sincera, quase rude, aproximando-se até mesmo de arte primitiva.

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Criticado pelos impressionistas, foi um dos poucos a elogiar a cor cinza, dizendo que era muito difícil de ser trabalhada, por sua dureza e quantidade de tons. Ao fim, a natureza que ele tanto amava se tornou um pretexto para jogos de linhas, chegando a afirmar que cores locais não existiam, pois todos os objetos se refletem mutuamente…

Pintou casas isoladas entre árvores, banhistas nas matas, naturezas mortas, estradas, sua Baía de Marselha, repetindo que o artista é um mero gravador de percepções sensoriais.