Silvio de Abreu conseguiu transformar a central de boatos da mídia especializada e da internet em marketing extra para sua novela “Passione”, na Globo. Trabalhou cinco vezes, e fez todo mundo trabalhar também, para escrever cinco sequências dos assassinatos de cinco personagens. Só um deles de fato morrerá, no capítulo de hoje. No site da novela, foi lançada lista de 12 nomes e, a cada dia, Silvio salvou um da cova. Restaram Diana (Carolina Dieckmann), Fred (Reynaldo Gianecchini), Gerson (Marcello Antony), Melina (Mayana Moura) e Saulo (Werner Schünemann).
Criar suspense não é fácil, e mais difícil ainda é manter. Nos 60 anos de vida da TV brasileira, formou-se uma verdadeira rede de tráfico de capítulos que, segundo consta, envolve todo tipo de profissional que tem acesso aos estúdios. Se por um lado quanto mais interesse, melhor para a produção, por outro fica mais difícil manter o interesse do público se ele ficar sabendo o que vai acontecer de mais palpitante nos próximos capítulos.
Passar em frente da banca e continuar sem saber quem vai morrer, quem é filho de quem ou quem foi prostituta no passado é impossível. Nesse sentido, o noveleiro é bem diferente do fã de seriados que, em geral, foge dos spoillers (textos com informações sobre os próximos capítulos). Por isso, é normal que novelas de mistério tenham mais de um final gravado, como “A Próxima Vítima” (1995), do próprio Silvio de Abreu, e “Vale Tudo” (1988), de Gilberto Braga.
Mas, desta vez, admite Silvio, foi bem mais complicado. “Em meio de novela, foi o mais difícil que fiz até hoje, porque além dos cinco finais, para manter a farsa, tive de escrever cinco continuações diferentes, em um bloco de seis capítulos”, detalha ele, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Mas acho que valeu a pensa, quero surpreender o público, manter o prazer dele de assistir à novela e incrementar a torcida. Parece que consegui.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.