Um grego para celebrar os 40 anos de carreira de Tony Ramos

Filosófico como seus ancestrais, o grego Nikos (Tony Ramos) vive a pregar sobre a regeneração humana em plena trama das oito, tão lotada de gente com caráter irrecuperável, como a falecida vilã Bia (Fernanda Montenegro) ou o ambígüo André (Marcello Antony). "Há quem diga que os pensamentos dele não passam de filosofia barata, mas não concordo. Niko é simples, bem-intencionado, sem maldade", defende o ator. O adorável boêmio de "Belíssima" já deu algumas provas de sua generosidade. Uma delas foi ficar cara a cara com Murat (Lima Duarte) – o homem que roubou seu posto de pai – e omitir sua identidade para não prejudicar a ex-mulher Katina (Irene Ravache).

Quem olha para o tipo bonachão, que vive a cantarolar ao vento, com os cabelos desgrenhados, quase não acredita que aquele mesmo corpo, no início do ano, deu vida a um político engomadinho e sem escrúpulos na minissérie "Mad Maria". "Quando a minissérie acabou, fiz uma promessa secreta para mim mesmo: iria diminuir o ritmo de trabalho. Acho que o público precisa descansar um pouco da minha imagem. Mas quando li a sinopse de ‘Belíssima’, simplesmente não resisti. Acho que nunca vou deixar de fazer novelas."

São mais personagens do que anos de carreira na vida do ator. Entre novelas e minisséries, 42 homens couberam dentro de seus 40 anos de TV. "Faltava fazer o meu grego. Só interpretava descendentes de outras nacionalidades, mas queria viver um estrangeiro autêntico, como o Nikos. A cultura grega é fascinante, acho ótimo mostrá-la." De tão empolgado com o papel, ele chegou a aprender grego, considerado pelos lingüistas um dos idiomas mais difíceis do mundo. "É complicado afirmar que ‘falamos determinado idioma’. Digo isso só para inglês, francês, italiano e espanhol. Em algumas outras línguas eu me defendo. Quanto ao grego, é mesmo dificílimo. Estou estudando e até agora só aprendi o bê-á-bá."

Mais do que enrolar a língua para mostrar seu sotaque preciso, elaborado após meses de convivência com gregos de verdade, o ator tratou de aprender gestos típicos daquele povo para conferir mais realidade ao personagem. "Queria fazer um Nikos muito particular e por isso achei que conviver com os gregos seria a melhor forma de composição. Não quis referências. Fui logo avisando à produção da ‘Globo’ que não iria ver filme algum sobre a Grécia para não me contaminar."

Até o figurino de Nikos foi comprado na Grécia. Para o visual, ele se inspirou em gente que conheceu durante sua pesquisa pessoal. "Descobri muitos gregos com cabelo comprido e foi por isso que abandonei a tesoura", conta. Já a barba característica, que até apareceu em charmoso alvinegro na novela "Laços de Família" (2000), foi abolida. Pouco vaidoso, ele não se importa com as mudanças. "Sou bem-resolvido. Gosto do meu nariz e da barriguinha. Minha verdadeira vaidade é ter uma sólida trajetória na TV, no cinema e no teatro."

Feliz por reencontrar o filho Cemil (Leopoldo Pacheco) após 40 anos de separação, Nikos deve agora ganhar uma nova paixão. Há quem diga que Júlia (Glória Pires) é a principal candidata a virar namorada dele, mas se Sílvio de Abreu não quiser transformar a dupla em casal, eles podem ser vistos aos beijos em "Seu Eu Fosse Você", em cartaz nos cinemas. O filme de Daniel Filho que traz os dois, pela primeira vez, como marido e mulher.

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