Um exemplo

umexemplo050807.jpgJá passamos do mês de julho. Depois de bastante chuva, aliás, necessária, o frio curitibano chegou. Um frio seco, gostoso, que faz as pessoas saírem às ruas, passear, olhar as vitrines e comentar : ?Que frio, né??.

Eu também saí. Pelo caminho fui encontrando amigos e conhecidos lagarteando ao sol. Também as ?buenas dichas? (ciganas) estão presentes bem no centro da cidade… Não consegui despistar. Uma delas, com uma dentadura de ouro, insistiu em me vender um talismã. Ante minha negativa, pediu que eu usasse meu cartão de crédito, para comprar-lhe um pacote de arroz!

Não está muito tranqüilo passear por nossas ruas. A cada passo somos abordados por entregadores de panfletos ou pedintes.

Entrei em uma loja, fiz uma pequena compra e tive a satisfação de ver uma menina muito feliz, ao ganhar do pai uma boneca.

Chega. Era hora de voltar para casa, apanhei o Circular Centro. O ônibus parou no ponto da Praça Santos Andrade. Pensei em seguir por mais dois pontos, quando eu o vi atravessando a praça. Desci do ônibus e fui ao seu encalço.

Na esquina com a XV, defronte ao Correio, ele atravessou a rua correndo. Pensei rápido e antes que o sinal abrisse para aqueles ?monstros?, também corri. Mas estava difícil alcançar aquele octogenário com suas passadas firmes e largas. Eu também, uma octogenária, com passos miúdos, apesar de rápidos, pensei que jamais o alcançaria!

Enfim, resfolegando, quase com ?a língua de fora?, depois de uns trezentos metros de corrida, tive a satisfação de abraçar meu amigo Dalton. Ele só anda a pé. É um caminhador. Não se deixou dominar pela ditadura do automóvel. Talvez por isso mesmo ele tem esse fôlego privilegiado, essa passada forte.

Eu mesma sou uma privilegiada: Tenho a sua amizade, sua atenção, seu incentivo e conselhos.

Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

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