Amanhã, dia em que todo o País rende ao livro as mais variadas homenagens, é gratificante notar que sua existência vem ocupando, cada vez mais cedo, espaço significativo na vida dos brasileiros. Segundo a pesquisa anual Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, promovida pela Câmara Brasileira do Livro, de 2001 para 2002 houve aumento de 285% na produção de exemplares de livros infantis, totalizando 79,5 milhões unidades (considerando os programas de compras governamentais). Com 23% de participação, o segmento possui uma das maiores fatias do mercado editorial.
Melhor: é possível observar que mesmo as crianças fora da idade escolar já estão adquirindo o salutar hábito de brincar com livros, fitando com olhos curiosos suas figuras e imaginando mil e uma histórias. A presença desses “brinquedos de ler” nas estantes de nossos pequenos cidadãos, de todas as classes sociais, são essenciais para familiarizar a criança com o formato, com o aspecto lúdico, com a prazerosa sensação de ter uma história em mãos. É uma pequena semente plantada para, em breve, reverter desabonadora pesquisa que revela que apenas 16% da população concentra 73% dos livros ou que 47% dos brasileiros alfabetizados possuem, no máximo, 10 livros em casa.
Trazendo o livro para dentro de casa, pavimenta-se o caminho para que as futuras gerações usufruam de condições propícias para exercer o direito à leitura, dando-lhes embasamento para discernir gêneros, escritores, movimentos e debater assuntos das mais complexas esferas. No campo educacional, os programas de compras governamentais dão a garantia para que não faltem títulos para nenhum aluno.
Em 2002, o governo adquiriu cerca de 162 milhões de livros didáticos e paradidáticos para os alunos da rede de ensino público. Com mais estudantes alfabetizados, mais livros nas mochilas, nas estantes das casas e bibliotecas e nas mentes de todos os brasileiros, o País caminhará a passos largos para um futuro mais próspero e digno.
Conscientemente ou não, é fato que as crianças estão fazendo sua parte. Entretanto, é preciso mais, é fundamental que jovens, adultos e idosos, empresas, instituições públicas e privadas, profissionais dos mais diversos setores se engajem nessa cruzada pela leitura investindo recurso, empenho e talento.
O Dia Nacional do Livro, instituído no dia 29 de outubro em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional (1810), é uma oportunidade de reflexão sobre como a sociedade pode se mobilizar para transformar essa data em algo rotineiro (no melhor sentido da palavra), fazendo com que todos os dias do ano sejam dedicados ao livro.
“União de esforços estimula o hábito”
A boa notícia é que são visíveis e factuais os resultados da congregação de esforços de entidades e dos governos no intuito de difundir o livro e o estímulo do hábito da leitura por todo o país. Um exemplo louvável é a Expedição Vagalume, projeto educacional de implantação de bibliotecas na região da Amazônia. A primeira fase da expedição implantou 32 bibliotecas em comunidades rurais de 21 municípios, formou 550 mediadores de leitura, ministrou 21 cursos de capacitação, num total de 840 horas de treinamento e distribuiu 12 mil livros, beneficiando cerca de 15 mil crianças.
Outro exemplo é o programa Queroler – Programa Biblioteca para Todos, desenvolvido pelo governo federal, em parceria com o governo de Minas Gerais, empresas privadas e associações, como a Câmara Brasileira do Livro. O projeto visa a zerar o número de cidades brasileiras sem bibliotecas públicas, começando por Minas Gerais, onde serão contempladas 135 cidades.
Existem também várias editoras e livrarias que criaram programas de estímulo à leitura ou participam ativamente na educação de crianças e na doação de livros.
Mas não é preciso fundar uma ONG ou ter um cargo público para fazer parte dessa causa. Cada cidadão, dentro de sua área, à sua maneira, pode fazer com que todo dia seja dia do livro.
Entre elas, lendo histórias para crianças, deficientes visuais ou analfabetos, emprestando livros aos amigos, conversando a respeito de literatura nas rodas de bate-papo, formando bibliotecas comunitárias, organizando saraus, prestigiando sessões de autógrafos de seus autores prediletos ou de autores iniciantes, escrevendo poesias, contos, crônicas ou romance etc. O simples ato de comprar um livro, para si ou para dá-lo de presente, já é um gesto extremamente significativo.
Como entidade empenhada na difusão do livro e do hábito da leitura, a CBL, além de apoiar todas as idéias mencionadas, desenvolve uma série de ações efetivas, como feiras de livros pelo país (em especial a Bienal Internacional do Livro de São Paulo), cursos para profissionais do setor (Escola do Livro), prêmios para escritores (Jabuti, o mais tradicional do País), encontro entre editores e livreiros e muito mais. Por intermédio do livro e da participação de toda sociedade, certamente uma nova era, plena de educação, cidadania e patriotismo, está por vir. Mas essa época só chegará quando todo brasileiro se sentir homenageado no Dia Nacional do Livro.