Walcyr Carrasco vai se aventurar em um novo horário. Depois de uma seqüência, na Globo, de quatro novelas das seis, o autor muda de faixa, para o horário das sete, de público e até de época. Ambientada na São Paulo atual, a novela Sete pecados estréia na segunda, dia 18. ?Não vejo uma diferença tão brutal entre uma novela de época e outra contemporânea?, desdenha. Apesar da trama ser passada nos dias atuais, o estilo do autor não muda e o ambiente místico, sempre presente nos textos de Walcyr, é característico em sua nova novela. Sete pecados conta com a presença de três anjos, interpretados por Erik Marmo, Cláudia Jimenez e Thalma de Freitas, que influenciarão diretamente as vidas dos personagens. Além disso, a trama ainda conta com Aghata, interpretada por Cláudia Raia, que é líder de uma sociedade secreta. ?Escrevo sobre o que eu gosto, sobre o que eu sou. O lado místico paira em minha vida. Sou da Sociedade Rosa Cruz há 25 anos?, completa.
P – Suas novelas têm sempre um toque místico. Você acha que este misticismo pode se chocar com o tom mais humorístico do horário das sete?
R – Esta novela é uma comédia romântica, recheada com muito humor. Mas o místico sempre estará presente em minhas tramas: Xica da Silva, Chocolate com pimenta, Almas gêmeas tinham este lado misterioso, mas a mescla com humor também sempre foi presente. O grande diferencial entre elas é, basicamente, a época em que se passa. A minha nova trama é moderna.
P – E você teme algumas comparações com novelas recentes, como O profeta e Eterna magia, que abordam o mesmo misticismo?
R – Quando sento para escrever algo, fico muito focado em mim e no meu texto. Não penso muito no que já fizeram. O fato é que escrevo sobre o que eu gosto e o que gira em torno da minha vida. Tenho que me identificar com a minha obra. Não me importo com os outros autores. Esta novela acaba sendo parte da minha vida. Escrevo nela fatos que são cotidianos, de minha vivência. São dificuldades que vejo e enfrento. Tudo o que me cerca tento encaixar de alguma forma no meu texto.
P – O núcleo da escola pública é um exemplo destas dificuldades do seu cotidiano?
R – Sim, vivi de perto o drama das escolas públicas. Escrevi livros que eram adotados como material didático e sentia os grandes problemas existentes nestes ambientes de ensino. A educação é um tema que me atinge diretamente. Tentaremos retratar as escolas públicas da maneira mais real possível. O compromisso é mostrar como mudar esta situação. Mas é preciso apontar antes o que está errado para depois poder haver uma discussão sobre as soluções.
P – Os sete pecados serão o fio condutor da novela. Como se dará esta abordagem?
R – Os pecados aparecem na trama de algumas formas. Em um ambiente geral, Beatriz, interpretada por Priscila Fantin, fará de tudo para Dante, papel de Reynaldo Gianecchini, um cara sensível e correto, cometer os sete pecados capitais, sendo esse o único jeito de conquistá-lo. Ao mesmo tempo, os pecados vão ser apresentados de maneira individual. Tem personagens que serão a representação do pecado. Por exemplo: O ex-noivo de Beatriz, Pedro, interpretado por Sidney Sampaio, será a representação da ira. Elisabeth Savala, a Rebeca, será a vaidade…
P – E a escolha de uma grande metrópole tem alguma relação com os pecados capitais?
R – São Paulo é uma grande cidade e economicamente falando é muito potente. E estas cidades, onde o mundo dos negócios são mais intensos, os pecados capitais estão mais dispostos a aflorar. Em São Paulo, os pecados estão à flor da pele. Em uma grande cidade, trapacear tornou-se comum. Mas ela não é a única. Os pecados são mostrados e executados na sociedade inteira há muitos séculos. Não dá para se basear só por São Paulo.