Um artista que produz a matéria-prima

Uma infinidade de emoções e experiências transportadas para telas, murais, afrescos, painéis e pinturas. O temas são tantos e remetem a uma diversidade de caminhos já percorridos, comuns aos artistas e a todos aqueles que observam o mundo à sua volta, que em algumas telas estão presentes mais de um tema. Assim é o trabalho do pintor muralista Lucilio Belluno. Artista da pintura, também possui a arte de ?produzir? sua matéria-prima. Autodidata e adepto de experimentações, o pintor esteve recentemente na cidade do México DF, onde pintou um mural em homenagem ao também brasileiro e virtuoso do trombone, Raul de Souza, ou Raulzinho, como era conhecido no início da carreira.

?Vemos tantas paisagens, pessoas, grandes artistas que em algumas pinturas gosto de misturar tudo e encontrar um novo caminho?, afirma Belluno. Seu mural pintado na Universidad Nacional Autónoma de México foi executado entre 24 de junho e 25 de agosto de 2005. Para realizar Tributo a Raul de Souza, Belluno optou pela técnica italiana chamada boum fresco, onde utiliza óxido de cálcio, a cal virgem. Ela foi utilizada sobre um superfície de 9 metros de largura por 2,3 metros de altura, com desenhos de Raul de Souza tocando seu instrumento, trajado de calça branca e paletó azul. No pano de fundo, árvores e um lago servem de palco para o músico.

Segundo o pintor, sua escolha por Raul de Souza é devida a grandiosidade de sua produção musical e também por causa da dificuldade que muitos artistas sofrem para encontrar seu espaço. ?Ele é um grande músico, pena que teve que buscar espaço fora do Brasil?, diz. Para realizar o painel de Raul, Belluno teve algumas dificuldades como encontrar cal viva, um período de chuvas que atingiu o México e a qualidade dos tijolos que formavam o muro onde pintou o painel. ?O afresco possui alguns inimigos, como impurezas na superfície, o que pode vitrificar os tijolos devido ao calor.?

Entre suas andanças por museus, cidades e países, Belluno afirma que existe muita arte a ser descoberta. ?Estive na Fundação Antônio Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, e tive a oportunidade de presenciar duas pinturas a óleo de Jusepe de Ribera (1591-1652), emprestadas da Galeria Nazionale de Cosenza, sul da Itália, além de um busto feito por Francesco Jerace e um afresco vindo da Igreja de São Francisco de Assis em Consenza?, afirma. Apaixonado pelas artes em geral, o artista reivindica mais intercâmbios culturais, principalmente entre os países sul-americanos.

Para esse fim de ano, Belluno dá seqüência a sua próxima obra, Danças portuguesas, e planeja trabalhos para 2006. ?Só posso afirmar que lembro a música e Portugal.? No próximo ano ele planeja pintar um painel em Curitiba e também fazer uma exposição com seus trabalhos recentes. Até o momento não há nada agendado, contudo, das idéias para a prática as artes podem caminhar a passos largos. Assim sugere o artista. Entre um projeto e outro, o próximo desafio de Belluno são as esculturas. Em breve ele começa uma produção.

Belluno

Artista autodidata e viajado, começou a pintar com acrílico há 30 anos, posteriormente com óleo e cal. Seus murais estão espalhados por Portugal, Canadá, Estados Unidos e México. Entre sua produção: pinturas de quadros e pôsteres estão guardados em depósitos na Califórnia, São Francisco, Connecticut, Cleveland, Miami (EUA), Toulouse (França) e Madri (Espanha). 

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