Basta uma pequena caminhada pelo calçadão da Praia do Leme, na Zona Sul carioca, para Eduardo Pires constatar a repercussão de seu personagem. Em Sinhá-Moça, da Globo, ele vive o José Coutinho. E nas ruas do bairro em que mora percebe o quanto o jovem idealista e apaixonado da trama de Benedito Ruy Barbosa é querido pelos fãs. Também pudera. Na história, José Coutinho, depois de estudar na capital, regressa a Araruna munido de idéias para lá de avançadas e convence o pai, vivido por Othon Bastos, a alforriar seus escravos e mantê-los trabalhando nas terras da fazenda em troca de salário. Além disso, o rapaz se encanta pela escrava Adelaide, interpretada por Lucy Ramos, e passa a enfrentar o preconceito de toda a sociedade da época. ?É uma história de amor pouco convencional e rejeitada por muitos, a começar pelo próprio pai. Mas este é o grande barato da trama. O mais legal é que o público sempre torce muito pelos dois?, valoriza.
Mas a maior satisfação de Eduardo é perceber que o público não o reconhece apenas pela repercussão da história do jovem José Coutinho. Segundo o ator, o assédio também ocorria em trabalhos anteriores na tevê, como o Beto, de Malhação, que ficou no ar somente por duas semanas, no final do ano passado, e como o rebelde Abel, de Começar de Novo, de 2004. ?Nem acredito quando os telespectadores se lembram desses dois personagens. Acho que é prova de reconhecimento do meu trabalho e dedicação?, orgulha-se o ator de 26 anos.
Eduardo ressalta, contudo, que nunca havia imaginado que um dia seguiria a carreira de ator. Tanto que até os 19 anos de idade, quando ainda estava no pré-vestibular, não sabia direito o que fazer da vida. Chegou até a pensar em cursar Arquitetura, uma vez que sempre gostou de desenhar. ?Mas nem me dedicava aos estudos. Imagina se eu passasse para a faculdade??, recorda. Foi nessa época, aliás, que amigos próximos sugeriram que Eduardo fizesse um curso de teatro. O ator relutou num primeiro momento. Mas, entediado com as aulas do pré-vestibular, resolveu aceitar a sugestão. Depois de vários cursos, matriculou-se na CAL, escola carioca de teatro, e se formou em 2003. No ano seguinte estava no elenco de Cazuza O Tempo Não Pára, onde interpretou Serginho Dias, um dos namorados do cantor Cazuza. ?Meus amigos sempre diziam que levava jeito para ser ator e que deveria investir na profissão. Acho que eles estavam certos, pois realmente me encontrei?, brinca.
A estréia na tevê também aconteceu em 2004, quando Eduardo fez o Abel na novela Começar de Novo. O ator, porém, lembra que sentiu algumas dificuldades no início. Como ainda não estava devidamente acostumado com a linguagem e a rotina de trabalho nos estúdios, se desesperava para não fazer feio no set. Ele conta que nem sempre se posicionava corretamente diante das câmaras e também chegava a ficar um pouco perturbado na hora de gravar as cenas de Abel. Mesmo assim, não desanimou. Pelo contrário. Com o tempo, passou a relaxar e a seguir cuidadosamente as orientações dos diretores da novela. ?Era tudo muito novo na minha vida. Mas depois comecei a não me importar muito com o posicionamento das câmaras, das luzes. Se a gente fica muito ligado nisso, acaba se esquecendo que devemos apenas representar?, ensina.
