Uma disputa familiar impede o lançamento do último filme inédito do genial cineasta americano Orson Welles, informou o dominical britânico “Sunday Telegraph”. A disputa ocorre entre a filha Beatriz e Oja Kadar, a mulher que foi, durante 20 anos, companheira do grande diretor cinematográfico morto em 1985.
As duas mulheres brigam pela propriedade dos direitos de “The other side of the wind” (“O outro lado do vento”), que Welles rodou em interiores mas que não terminou de montar.
O filme conta a história de Jake Hannoford, um brilhante diretor que caiu em desgraça mas que tenta dar a volta por cima em uma Hollywood obcecada pela comercialização.
Diz-se que a história é baseada em grande parte na experiência pessoal de Orson Welles. Em 1970, quando começou a trabalhar no projeto, foi marginalizado de Hollywood e por 13 anos não fez nenhum filme para qualquer estúdio cinematográfico.
Quem viu o filme até agora, informa o “Sunday Telegraph”, diz que se trata de um dos maiores filmes do célebre autor de “Cidadão Kane”.
Para realizar “The other side of the wind”, Orson Welles lutou longamente por recursos, investindo os ganhos obtidos com aparições publicitárias e como convidado de programas televisivos. Além disso, obteve empréstimo de um cunhado, mas o dinheiro não foi suficiente.
Muitos dos interiores foram rodados na casa do diretor Peter Bogdanovich, que aparece no filme junto a outro veterano das telas, John Houston.
Agora Oja Kadar e Gary Graver, um velho amigo de Welles, completaram a montagem e a mulher chegou a um acordo com a Showtime, uma companhia televisiva americana, para a projeção do filme na televisão como no cinema.
Mas Beatriz, nascida do casamento entre Welles e a condessa de Girifalco, Paola Mori, recorreu a uma corte da Califórnia sustentando que ela é a executora testamentária de seu pai. Isso significa que, sem sua aprovação, o acordo não é válido.
Orson Welles, em seu testamento, disse Oja Kadar, lhe deixou os direitos sobre toda sua produção inédita. “Ele sabia que faria de tudo para fazê-la chegar ao público”, afirmou Kadar.
Graver também quer que “The other side of the wind” chegue finalmente ao cinema. “Trabalhamos muito para chegar a isso e posso dizer com segurança que é um filme digno de Orson Welles”.
