O disco “Ronnie Von nº 3” foi lançado em 1967. Não houve grande comoção, nem do público, nem da crítica especializada. Na verdade, o experimentalismo psicodélico do hoje apresentador de televisão não foi bem digerido numa época em que a música da Jovem Guarda, na qual Ronnie era erroneamente incluído, estava em voga. Se por aqui o disco demorou para ganhar reconhecimento – agora é tratado como relíquia por estudiosos e colecionadores -, ele é citado como uma das principais influências de uma das bandas indies mais cultuadas do momento, o Vampire Weekend, que vem pela primeira vez em turnê ao Brasil, com shows em Porto Alegre (no sábado passado), São Paulo (amanhã) e Rio de Janeiro (quinta).
A curiosa revelação sobre a influência de Ronnie Von foi feita pelo baixista da banda, Chris Baio, 26 anos, nascido 17 anos após o lançamento do então criticado álbum. “Eu achava esse disco incrível”, diz. “Ele era um espécie de ator, certo?”, pergunta Baio em seguida, sem mostrar tanto conhecimento sobre a carreira do cantor brasileiro.
Logo em seguida, porém, ele cita outra influência brasileira, esta ainda mais obscura: o igualmente raro disco “Paulo Bagunça e a Tropa Maluca”, da banda homônima, lançado em 1974. É possível, aliás, encontrar algumas semelhanças entre esse disco e o trabalho do Vampire. A faixa “Grinfa Louca”, a terceira do álbum, por exemplo, possui uma percussão africana acelerada que dá o tom para todo o CD de estreia da banda americana – principalmente em “A-Punk”. Já os arranjos vocais dessa mesma faixa de Paulo Bagunça é semelhante ao que canta Ezra Koenig, vocalista e guitarrista do Vampire, em “One” (Blake’s Got A New Face), no mesmo disco de estreia do grupo.
É por essa baciada de influências que o Vampire Weekend atingiu o status de banda adorada por uns, líder de vendas – na primeira semana do lançamento do segundo álbum, “Contra”, em janeiro de 2010, foram vendidas 124 mil cópias, liderando a parada da Billboard -, e odiada por outros, que afirmam que o som da banda não passa de uma imitação do que Paul Simon fez nos anos 80. “Somos influenciados por música de todo o mundo. Fazemos algo diferente”, diz Baio. “Diferentemente do que alguns críticos dizem, não começamos a fazer sample de músicas dos outros. Não reformulamos ideias alheias”.
Tudo (aclamação e crítica) veio como uma rápida tempestade na curta carreira do Vampire Weekend. Formada em 2006 por Ezra Koenig (vocal e guitarra), Rostam Batmanglij (backing vocal e guitarra), Chris Tomson (bateria) e Baio, todos entre 26 e 27 anos, a banda logo começou a chamar a atenção no Brooklyn. “Nova York dá muita oportunidade para as bandas novas”, conta Baio. Em 2008, o Vampire Weekend já recebia boas resenhas em blogs especializados em rock indie quando lançou o disco de estreia, homônimo. As informações são do Jornal da Tarde.
Vampire Weekend – Via Funchal (R. Funchal, 65, Itaim Bibi). Tel. (011) 3846-2300. Amanhã, às 22h30. R$ 160 a R$ 250. Classificação etária: 16 anos.