Mais de 400 peças de teatro (incluindo a mostra principal e as peças do Fringe), além de apresentações culturais diversas. Opções culturais não faltam para o público que pretende aproveitar os 13 dias do Festival de Curitiba, que começa na próxima terça-feira na capital. A cidade também se prepara para receber pessoas vindas de outras localidades, que correspondem a cerca de 15% do público total do festival.

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Dos 230 mil ingressos colocados à venda, boa parte já foi vendida, informa a organização do evento, embora o número exato de bilhetes comercializados não seja divulgado.

O que se sabe é que algumas peças já estão lotadas, inclusive do Fringe, que é a mostra paralela, marcada pela pluralidade de produções, livremente inscritas, que inclui espetáculos de rua, circo, infantil, dramas e comédias.

A procura tem sido grande por espetáculos infantis e quem quiser garantir o seu lugar deve correr, segundo o organizador do festival, Leandro Knopfholz. “A fórmula do Festival de Curitiba mantém-se a mesma dos últimos anos, mas a ideia é envolver outros eventos culturais, não só os ligados ao teatro, mas tudo que aconteça em Curitiba nesse período dentro do evento”, afirma Knopfholz.

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Memória da cana, apresentação baseada no texto clássico de Nelson Rodigues, Álbum de família, é uma das peças cujos ingressos já se esgotaram, assim como O papa e a bruxa (com texto do dramaturgo italiano Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura) e Simplesmente eu, Clarice Lispector.

Um dos destaques fica para o novo espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro, Vida, tem sua estreia nacional na Mostra e é resultado de uma extensa pesquisa sobre a obra do poeta curitibano Paulo Leminski, com texto e direção de Márcio Abreu.

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A peça não é a adaptação de uma obra literária, mas sim um texto original escrito a partir da experiência de leitura e de convivência criativa com os textos do autor e suas referências. São três apresentações dentro do festival, de 19 a 21 de março, no Teatro José Maria Santos.

Para aquela pausa entre as atividades culturais, os organizadores sugerem o Gastronomix, coordenado pelo chef curitibano Celso Freire, com muita comida e bebida.

E, para aproveitar a vida noturna curitibana, duas festas prometem animar os visitantes: a Gambiarra, que mistura diversos estilos musicais, e a Bailinho, criada no Rio de Janeiro e que investe em cenários descolados e trilhas inusitadas.

Comédia

Depois das apresentações musicais e das peças teatrais, Curitiba vai ganhar agora um local dedicado exclusivamente ao humor, o Curitiba Comedy Club, cuja inauguração acontece na próxima quinta-feira, com programação do festival.

Inspirado nos melhores Comedy Clubs dos Estados Unidos, o lugar pretende atrair os melhores nomes do humor do cenário nacional, com apresentações de quarta-feira a domingo.

Na estreia tem Pocket Show com a dupla Danilo Gentili e Marco Zenni. Os ingressos para todos os dias já estão à venda na bilheteria do festival. O Curitiba Comedy Club fica na Rua Mateus Leme, 2467. Informações: (41) 3018-0474.

Ingressos

A venda de ingressos para o Festival de Curitiba acontece na bilheteria central, localizada no ParkShopping Barigui ou pelo Ingresso Rápido, na internet ou pelo telefone 4003-1212.

Espetáculos da Mostra, Risorama, Mish Mash, Derepente (arte do improviso) e Guritiba (para as crianças) custam R$ 45 e R$ 22,50 (meia-entrada). O Fringe tem desde entrada franca até R$ 45. Informações no site www.festivaldecuritiba.com.br.

Fringe: iniciativa e autonomia

Divulgação
Um dos destaques da mostra paralela é a peça A missa do galo.

Entre alguns dos destaques do Fringe estão A missa do galo, baseado em texto de Machado de Assis, e Céu, que conta com texto inédito de Fernanda Junges. A primeira peça, da companhia paulista Agrupamento Teatral, narra um acontecimento da adolescência do Sr. Nogueira que o perturba há anos.

Um encontro a sós com uma mulher casada e mais velha apresentou, na ótica de Nogueira, um manancial de possibilidades que não se realizaram. Assim, aquele acontecimento acaba por evidenciar uma personalidade que, facilmente associada a outras personalidades machadianas, se cristaliza na interdição, na impossibilidade, ou na renúncia da realização de suas possibilidades.

O grupo investigou formas para ampliar a comunicação entre o palco e a plateia. Segundo o diretor Luiz Eduardo Frin, o trabalho está fundamentado na pesquisa das possibilidades do teatro narrativo, tendo como base trabalhos teóricos de autores como Walter Benjamin, Bertolt Brecht e Luis Fernando de Abreu.

“A busca estabelece um diálogo entre a tradição humana de contar histórias, transmitindo conhecimento, experiência e vivência com modernas técnicas de interpretação e encenação”, comenta.

O diretor buscou ressaltar o que considera como elementos-chave na obra de Machado de Assis, destacando o papel da memória, mais precisamente de sua falibilidade, na consolidação da personalidade presente.

Céu, produção da Volátil Cia. De Teatro, tem características similares à cinematografia iraniana e argentina, por contar uma história de conteúdo singelo, com temas universais do cotidiano.

O conto aborda dois personagens: José um sonhador, e Cicinha uma mulher prática. Encenado por Rafa Lourmmel e Mileine de Sena, dirigido por Geisa Mueller, Céu retrata o amor, não o enlatado, mas sim o amor que se descobre aos poucos, por meio do tempo.

Inspirado no modelo do Festival Internacional de Edimburgo de 1947, na Escócia, quando grupos que não estavam na programação oficial da mostra resolveram criar um evento paralelo no qual todos pudessem participar, o Fringe (que do inglês significa franja ou margem), representa a iniciativa e autonomia dos grupos teatrais que não se situam no epicentro do festival. A função é ser um espaço absolutamente democrático, de crescimento infinito da oferta de espetáculos, que reflita a riqueza e variedade das artes cênicas.

Serviço

A missa do galo. Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280), 19/3 (sexta) às 15h, 20/3 (sábado) às 18h, 21/3(domingo) às 21h e 22/3 (segunda) às 15h, R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).  Céu. Teatro Uninter (Rua Dr. Muricy, 1088), 26 e 27/03 às 21h, 28/03 às 15h e 29/03 às 18h. Entrada: um livro não-didático.