Tudo como antes

Profissionalmente, Dado Dolabella tem desempenhado sempre um mesmo papel: irresponsável e mulherengo. Atualmente no ar em Cristal, o ator é intérprete do jovem João Pedro, empresário "playboy" que vive um triângulo amoroso com Cristina e Marión, personagens de Bianca Castanho e Marisol Ribeiro. Nem mesmo esta troca de emissora foi suficiente para pôr um fim à seqüência de personagens volúveis. Ao contrário, foi a troca que evitou uma mudança de personagem: Dado saiu da Globo após recusar o papel em Cobras & Lagartos oferecido pelo diretor Wolf Maya. Ele viveria Tomás, um rapaz fútil e de sexualidade dúbia, o papel que ficou com Leonardo Miggiorin. "A transição da Globo para o SBT como vocês mesmos podem ver não mudou muita coisa", compara. O ator avalia, inclusive, que a estrutura na nova emissora é tão boa quanto na antiga.

Dado está convicto de que tomou a melhor decisão ao ir para o SBT. Ainda mais porque na pele do João Pedro dá vida ao seu primeiro protagonista em telenovelas. "O João Pedro tem o que dizer aos jovens. Por isso decidi não fazer o papel na Globo. Achei aquele personagem fútil, sem essência e sem verdade", critica, com seu tradicional jeito de falar arrastado.

Na negociação, porém, entrou mais que o "status" de galã. A trilha musical do folhetim terá duas músicas do CD de Dado. Para a abertura de Cristal, o diretor Herval Rossano escolheu a canção Está Escrito, regravação do ator/cantor para a música homônima de autoria do MC Bob Rum. "Acho essa música uma das mais lindas canções de amor já feitas no Brasil", ousa. A letra, na verdade, não é grande coisa, mas o ator tem grande identificação com ela. Um dos trechos é assim: "Eu sei que vacilei demais/Mas juro que não pensei/Em momento algum te machucar/Por isso te quero outra vez/Preciso demais do seu calor/Meu bem me perdoa por favor".

A outra música, Destino, é de autoria do próprio Dado e só passa a acompanhar as cenas de João Pedro a partir do ponto em que o personagem sai do emprego na empresa da mãe e se torna artista. Novamente, o ator exagera na avaliação de sua função. "Estou nessa carreira não só por vocação, mas por acreditar que sirvo de espelho para a sociedade", superestima.

Apesar de sua "enorme importância", Dado não terá grandes privilégios no SBT. Na trama adaptada por Anamaria Nunes, do homônimo venezuelano de Delia Fiallo, o ator terá uma longa e diária série de cenas no decorrer dos 203 capítulos de Cristal. A intensa rotina de gravações, no entanto, não chega a assustá-lo. Nem mesmo as características do diretor Herval Rossano, famoso pelo rigor e pelas cobranças durante as gravações soa como problema. "No começo da minha carreira, tive algumas falhas, mas não me sinto perseguido. Aliás, faz tempo que eu não vejo nenhum comentário sobre isso", insiste Dado. Mesmo assim, os constantes atrasos para as gravações fizeram o ator só receber convites para papéis secundários, na época em que era contratado da Globo.

Das três novelas feitas pelo ator na Globo, o rapaz afirma que não tem uma preferida. Mesmo assim, destaca o Plínio, de Senhora do Destino, como o personagem mais crítico já interpretado por ele. "Critiquei aquela coisa do cara mulherengo. Ajudei as pessoas a verem como é ridículo se ter várias mulheres", valoriza. Aos 25 anos, Dado está em busca de novos horizontes na carreira. No SBT, ele acredita que terá um retorno positivo. "Não me preocupo se irei atingir 100 mil pontos de ibope. Me importo com o que vou falar e transmitir para as pessoas", sintetiza.

* Cristal SBT, de segunda a sábado, às 19h.

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